O velório de Lorenza Maria Silva de Pinho, 41, chegou a ser marcado para acontecer das 10h às 12h de sábado (3). No entanto, diante de suspeitas de feminicídio, a Polícia Civil requisitou o corpo, que nem chegou a ser velado e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML). O marido da vítima, promotor André Luis Garcia de Pinho, foi preso. Segundo uma fonte, que pediu anonimato, uma sala foi reservada no Funeral House. “O André me disse que ela seria cremada. Disse que esse era um desejo dela. Mas a história está confusa”, lamenta o pai de Lorenza, Marco Aurélio Silva, 72.
De acordo com Marco Aurélio, o genro que teria dito que chamou uma ambulância do Hospital Mater Dei e, quando eles chegaram, ela já estaria morta. “Quando eu falei com o André, perguntei se ia fazer autópsia, mas ele disse que não tinha necessidade, pois já estava com o atestado de óbito em mãos, preparando a cremação”, afirmou Marco Aurélio.
Segundo a madrasta de Lorenza, Andréa Florentino, 47, as informações sobre a cronologia dos fatos ainda estão truncadas. “Tudo que eu sei é que o médico da ambulância que esteve aqui teria detectado o óbito. E o velório e enterro foram cancelado porque, pelo o que a polícia nos disse, não podia ter sido emitido esse atestado antes de fazer exame (corpo de delito)”, contou Andréa.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da rede Mater Dei de Saúde para saber se, conforme afirmou o pai e Lorenza, ela realmente foi atendida por uma das ambulâncias da unidade. Por telefone, eles não confirmaram que houve esse atendimento e disseram que, caso ele tenha sido feito por equipes do Mater Dei, eles não poderiam, por questões éticas, repassar para a imprensa qualquer dado sobre a assistência que é prestada à pacientes.
Em contato telefônico com o diretor-presidente da rede Mater Dei de Saúde, Henrique Salvador, feito no início da tarde deste domingo (4), ele afirmou à reportagem que não tinha conhecimento sobre o caso envolvendo Lorenza e o promotor.
Salvador declarou que, assim como esclarecido pela assessoria da instituição, não poderia repassar informações sobre atendimentos feitos à pacientes, sendo que esses dados somente podem ser feitos aos familiares e com autorização deles.
O diretor-presidente disse ainda que, até o momento, não foi contatado pela polícia nem pelo Ministério Público para prestar qualquer tipo de esclarecimento sobre o caso. No entanto, ele afirmou que, se atendimento da esposa do promotor foi feito por equipes do Mater Dei, rede e os profissionais envolvidos vão colaborar com todas as informações que forem solicitadas.
A reportagem entrou em contato com a chefe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa, delegada Letícia Gamboge, mas ela não deu detalhes e disse que as informações seriam repassadas pela assessoria de imprensa da Polícia Civil que, por sua vez, informou apenas que a investigação está sob sigilo.