A assessoria do governo federal e o Ministério da Saúde não confirmava, mas, nos corredores do Palácio do Planalto, a demissão do ministro Luiz Henrique Mandetta, era dada como certa durante da tarde desta segunda-feira.
Uma fonte disse à reportagem de O TEMPO que o presidente Jair Bolsonaro já verbalizou a decisão, mas, como ainda não publicou nada, pode ser que ele volte atrás. “É pouco provável, mas pode acontecer de ele voltar atrás”, afirma a fonte.
No entanto, antes mesmo de a noite chegar, segundo informações de bastidor, Bolsonaro já havia voltado atrás e garantido a permanência de Mandetta no governo.
O ministro da Saúde é bem avaliado pela população, segundo pesquisas publicadas no fim de semana. No entanto, Bolsonaro chegou a pensar em substituí-lo por um nome que seja defensor da utilização da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com coronavírus.
O nome mais cotado era do deputado federal Osmar Terra, médico e defensor do uso da substância.
A última aparição pública do ministro da Saúde foi no sábado (4). Mandetta participou da transmissão ao vivo da dupla sertaneja Jorge e Mateus, feita no YouTube. Ele apareceu em um vídeo gravado, no qual afirmou que “é importante que a música chegue, mas que a gente não se aglutine”.
Mandetta disse ainda que as pessoas precisam se proteger e que o sistema de saúde precisa se preparar “para que, no momento certo, a gente possa se abraçar”. A live de Jorge e Mateus chegou a ser vista simultaneamente por 3 milhões de usuários na web.
Relação em pé de guerra
Nos últimos dias, Bolsonaro tem se estranhando com Mandetta e chegou a afirmar que faltava humildade ao seu auxiliar e que ele havia “extrapolado”. O presidente tem divergido, entre outras coisas, das medidas de isolamento social defendidas por Mandetta para combater a pandemia do coronavírus. Bolsonaro adotou um discurso contrário ao fechamento de comércio nos Estados, enquanto Mandetta defende que as pessoas fiquem em casa.
Após essa declaração, dada na quinta-feira (2), o ministro reagiu em seguida e disse: “Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”.
Nos bastidores, Mandetta vem dizendo a aliados que não pretende pedir demissão e só sairá do cargo por decisão de Bolsonaro. Neste domingo (5), por exemplo, sem citar nomes, Bolsonaro disse que integrantes de seu governo “viraram estrelas” e que a hora deles iria chegar. Em uma ameaça velada de demiti-los, disse não ter “medo de usar a caneta”.
“[Em] algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles. Estão se achando demais. Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas, falam pelos cotovelos, tem provocações. A hora D não chegou ainda, não. Vai chegar a hora deles, porque a minha caneta funciona”, afirmou Bolsonaro. “Não tenho medo de usar a caneta, nem pavor. E ela vai ser usada para o bem do Brasil. Não é para o meu bem. Nada pessoal meu”, disse o presidente. (Com Folhapress)