Uberlândia é a cidade mineira com maior número de casos de coronavírus. Segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) neste domingo (28), o município localizado no Triângulo Mineiro contabiliza 5.984 infectados pela Covid-19.

A cidade tem pouco mais de 500 mil habitantes, enquanto Belo Horizonte tem mais de 1,4 milhão. Ainda assim, a cidade tem quase 900 casos a mais que a capital mineira, que soma 5.087 casos confirmados da doença - uma diferença de 17%.

Já o número de mortes é maior na capital mineira, que soma 108 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia. Porém, Uberlândia aparece em segundo lugar, com 76. 

Mas, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde do município, a situação é ainda pior. Levantamento atualizado neste domingo (28) aponta que o número de pessoas que tiveram a confirmação do diagnóstico de coronavírus é de 6.274 e o número de óbitos é de 106. Essa diferença pode se dar em razão do horário de fechamento dos boletins das diversas secretarias de saúde. 

Segundo o médico infectologista Marcelo Simão, que integra o Comitê de Enfrentamento à Covid-19 no município, esse número elevado de casos tem várias possíveis causas, mas a principal delas seria a relativização das medidas de isolamento pela população. “Estamos em uma guerra e as pessoas não entendem isso. Há comerciantes que, mesmo com a determinação de fechamento das lojas, seguem atendendo de portas fechadas. Tivemos academias funcionando também de portas fechadas”, afirmou.

Ainda segundo ele, desde o dia 22 de junho, o prefeito Odelmo Leão Carneiro (Progressistas) determinou novamente o fechamento de todo o comércio não essencial. No entanto, ainda assim, o índice de isolamento social medido ao longo desta semana foi inferior a 40%. “A população não colabora e, se não houver melhora da situação, a tendência é que fiquemos somente com os serviços essenciais por pelo menos mais 15 dias”, explicou o médico.

Apesar do alto índice de contaminação por coronavírus, o infectologista destacou que a taxa de mortalidade pela doença no município é baixa. “A vantagem aqui é que a mortalidade é muito baixa. Estamos com uma letalidade de 1,5%, enquanto o Brasil está em quase 5%”, disse. Atualmente, a taxa de letalidade por coronavírus no Brasil, conforme o Ministério da Saúde, é de 4,3%.

Testagem

O médico ressaltou ainda que o número elevado de casos confirmados da doença na cidade também tem relação com a testagem. “Estamos testando muito mais que Belo Horizonte e começamos a fazer isso desde março”, afirmou. Simão também acrescentou que os profissionais de saúde têm sido testados regularmente e, pelo menos 8,8% deles, já tiveram a confirmação da doença e foram afastados por 14 dias.

Segundo a Prefeitura de Uberlândia, dados da Vigilância Epidemiológica Municipal (Vigep), apontam que na última terça-feira (23), "a cidade alcançou a média de 3.055 testes aplicados para cada 100 mil habitantes". 

Na ocasião, o prefeito afirmou que a cidade era a que mais testava no país. "Uberlândia, atualmente, testa mais que a média vista em outros 20 Estados brasileiros. É isso mesmo. Isso nos mostra que, ao testar, sabemos onde estão os casos positivos, fazendo o seu isolamento pelos 14 dias necessários e ainda rastreamos e testamos os contatos diretos (quem mora no mesmo domicílio), evitando a disseminação do vírus".

Leitos

Por conta da explosão no número de casos de Covid-19, já faltam leitos de UTI para o tratamento de pacientes em situação grave. Simão explicou que a cidade está com as UTIs destinadas ao atendimento de pacientes com coronavírus lotadas. No entanto, em relação aos leitos de enfermaria, a rede hospitalar da cidade ainda tem capacidade de receber novos infectados. 

Em nota, a prefeitura de Uberlândia informou que “sobre os leitos no anexo do Hospital Municipal (antigo Santa Catarina), estamos correndo pra abrir mais dez leitos de UTI dedicados à Covid-19, além dos 30 já abertos recentemente. Também estamos planejando a abertura de outros dez a escolher o local (pode ser no hospital municipal ou no próprio anexo)”.

Informou ainda que há leitos no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e hospitais particulares, mas a prefeitura não soube informar os números referentes a essas unidades. A reportagem tentou contato com a assessoria do Hospital das Clínica e da UFU, mas não obteve retorno.