Mais de 90% dos testes rápidos que o governo mineiro recebeu do Ministério da Saúde ainda não foram aplicados. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES-MG), dos cerca de 1 milhão de testes prometidos, 783.960 já chegaram e, desse total, apenas 72.194 foram realizados das redes pública e privada, ou seja, 9,2%.
Na prática, para cada dez testes que chegaram ao Estado, nove estão guardados. Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria explica que segue os critérios estabelecidos pelo Ministério de Saúde para distribuir as unidades aos municípios, e, uma vez repassadas, cabe a cada cidade definir e informar qual serviço de saúde será responsável pela testagem de coronavírus.
Até agora, o Estado já entregou 739.960 testes para as cidades. A SES explica que o repasse é feito gradualmente, acompanhando a demanda de cada município, mas há uma preocupação em reservar testes para momentos mais críticos, como o aumento de casos graves.
Segundo a epidemiologista Aline Dayrell, pesquisadora do Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte (OSUBH), a baixa testagem tem impactos negativos para a saúde coletiva. “É imprescindível reconhecer as pessoas que estão infectadas para definir melhor as ações de prevenção da doença. Acreditamos que, para minimizar a disseminação do coronavírus, investir na atenção primária da saúde é muito mais eficiente, além de ter um custo menor”, avalia.
Para Aline, que é professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é importante definir uma reserva de testes para o sistema público e privado, para usar quando os casos aumentarem. Mas, quando se amplia a testagem, é possível identificar os portadores do vírus, fazer o isolamento do paciente e das pessoas com quem ele teve contato. “Essa rastreabilidade é um fator determinante para políticas públicas”, reforça.
A Secretaria Municipal de Saúde recebeu do Ministério da Saúde 75 mil testes rápidos, que estão sendo utilizados no inquérito sorológico. Os resultados do inquérito sorológico serão divulgados após todos os grupos serem testados, e os dados, consolidados. A previsão para a conclusão do inquérito é o fim do mês de julho. Posteriormente, ele será divulgado.

Aumento

A Secretaria de Estado de Saúde alega que o aumento das internações de SRAG se deve à sensibilização dos médicos para o diagnóstico da síndrome.