O médico Leandro Duarte de Carvalho começou a pesquisar o coronavírus ainda em janeiro. Um mês depois, prevendo a gravidade da situação, ele aprofundou os estudos e percebeu que os profissionais da saúde que atuam na linha de frente do combate à pandemia teriam de enfrentar a escassez de equipamentos de proteção individual. Diante do colapso do sistema de saúde, que, muitas vezes, não consegue suprir a demanda de equipamentos, o professor da Faculdade de Ciências Médicas resolveu agir. Na manhã deste sábado (4), ele fez uma doação de 72 máscaras do tipo face shield aos anestesistas do Hospital João XXIII.
A máscara é resistente e feita de acrílico ou de um material semelhante ao de uma garrafa pet de refrigerante. Placas desse material são produzidas em impressoras 3D e, posteriormente, precisam ser cortadas e montadas. Para isso, além da ajuda financeira de amigos e profissionais de diferentes setores, Carvalho contou com uma força-tarefa na execução dos trabalhos. Ao todo, a equipe irá produzir 600 máscaras - 500 já estão prontas e algumas foram entregues na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Canadá, em Nova Lima.
A UPA de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, também receberá uma doação nos próximos dias, bem como os anestesistas da Santa Casa de BH. “A ideia é tentar ajudar esses profissionais, especialmente os que estão na linha de frente do combate à pandemia”, afirma Leandro Duarte de Carvalho.
Benefícios e cuidados
A máscara do tipo face shield tem a vantagem de funcionar como uma barreira física, já que ela possui um proteção que serve como um escudo na frente do rosto do profissional da saúde, evitando que ele receba pequenas partículas na face. “Os profissionais da saúde estão expostos. Se colocarmos uma barreira na frente dele, você diminui a possibilidade de circulação do vírus para outros ambientes”.
Além disso, o médico destaca que essa máscara dificulta o reflexo natural do ser humano de levar a mão ao rosto. “Ela é uma máscara adicional, não pode ser utilizada sem um equipamento de proteção individual (máscara cirúrgica ou máscara N95)”, indica.
Carvalho explica que a máscara face shield não está imune à contaminação - aliás, é muito provável que isso aconteça -, então ela deve ser higienizada com pano descartável embebido em alguma solução capaz de destruir o vírus, como a solução de peróxido de hidrogênio. Água e sabão também podem ser utilizadas para a limpeza da máscara, mas há que se resguardar todos os cuidados nesse momento de higienização para não contaminar o ambiente.
“Não pode, por exemplo, passar álcool em gel 70%, porque corre-se o risco da transparência da máscara ser afetada”, completa o acadêmico, que também faz um alerta: tão importante quando higienizar a máscara é saber utilizá-la. “É preciso fazer um uso inteligente. A utilização dela implica em uma técnica de colocação e de retirada. Se for higienizada e utilizada corretamente, ela conseguirá passar por esse período difícil que estamos vivendo”, comenta Carvalho.
Canal de informação
Convencido de que conhecimento científico é um dos melhores aliados no combate ao Covid-19, Leandro Duarte de Carvalho desenvolveu, em parceria com o engenheiro de software Fábio Paiva, um canal no WhatsApp que, por meio de um robô, esclarece dúvidas e envia dados e explicações sobre esse cenário de pandemia. Basta acessar este link. “É preciso que a informação chegue em quem não está chegando. O que temos a fazer é aceitar o que a ciência tem a nos dizer”, completa.