As fezes de pacientes contaminados pelo novo coronavírus tem potencial de serem vetor de transmissão da Covid-19. Com isso, banheiros comunitários ou públicos podem ser mais perigosos do que qualquer outro ambiente fechado quanto ao risco de contágio da doença.
Isto é o que sugere um novo estudo realizado na China e publicado pela revista Emerging Infectious Diseases, elaborada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (mais conhecido como CDC).
Segundo os pesquisadores chineses, partículas virais do coronavírus podem sobreviver nas fezes dos pacientes e serem potencialmente infecciosas, ou seja, capazes de transmitir a Covid-19.
No estudo, ainda não validado pela comunidade científica, os cientistas também identificaram evidências de que as fezes contaminadas podem conter mais carga viral - quantidade do coronavírus - do que o expelido durante a respiração, espirro ou tosse, por exemplo.
“Nossas descobertas indicam a necessidade de novas precauções apropriadas para evitar a potencial transmissão do SARS-CoV-2 pelas fezes”, concluiram. Em hospitais, esse risco pode exigir ainda mais vigilância, de acordo com os autores.
Descarga com tampa aberta
A suspeita de que um coronavírus possa se espalhar pelo cocô, não é novidade. Em 2002, mais de 300 pessoas de um prédio de Hong Kong contraíram a gripe Sars (parente do novo coronavírus).
À época, investigações epidemiológicas locais sugeriram que o surto fora provocado pelas fezes de um único homem infectado com o vírus, que teria se espalhado pelos dutos de calefação do prédio em forma de aerossóis quando o contaminado acionava a descarga do banheiro após defecar, o que os cientistas se referem como "plumas de vaso sanitário".
Mãos no rosto
Além das descargas, outra forma potencial de contágio da Covid-19 poderia acontecer ao tocar sua boca, nariz ou olhos logo após ter contato com superfícies contaminadas em um banheiro.
Por isso, a suma importância de seguir à risca uma das recomendações da OMS de lavar as mãos ou higienizar bem com álcool em gel sempre antes de tocar em qualquer parte do rosto.
Como foi o estudo chinês?
De acordo com a publicação da revista, os cientistas chineses coletaram 28 amostras fecais aleatórias de pessoas diferentes, 12 delas testaram positivo para o novo coronavírus.
Logo depois, os pesquisadores isolaram três dessas amostras microscópicas de cocô com vírus e cultivaram elas em laboratório. Em duas delas, o coronavírus permaneceu presente por dias, incluindo um homem de 78 anos que tinha viajado para Wuhan, epicentro inicial da pandemia, que adoeceu em janeiro e morreu um mês depois. Ele foi o caso inicial estudado.