O isolamento social e a restrição de atividades devido à pandemia do novo coronavírus levaram a uma redução de 45% da poluição do ar em Belo Horizonte, conforme estudo da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), que analisou dados de cinco estações de monitoramento, sendo em três cidades da região metropolitana.
De acordo com a equipe da Gerência de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões (Gesar), a suspensão e redução de algumas atividades, principalmente as industriais e a circulação de veículos, contribuiu diretamente para a redução das emissões atmosféricas. Os dados apontaram que as principais fontes de poluição são as vias de tráfego, e também áreas onde há grande concentração de empresas em Betim e Ibirité.
Foram constatadas reduções significativas no chamado material particulado - conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém em suspensão por conta do pequeno tamanho, e também do dióxido de enxofre, que resulta da queima de combustíveis que contém enxofre, como óleo diesel, óleo combustível industrial e gasolina.
Em Belo Horizonte, essa redução chegou a 45% para o chamado PM2,5, uma das frações do material particulado caracterizada como respirável, que tem tamanho de até 2,5 micrômetros e penetra nos pulmões, podendo chegar aos alvéolos pulmonares e pode contribuir para o agravamento de doenças respiratórias. Ela foi observado foi observada na estação instalada na PUC São Gabriel, região Nordeste da capital, que fica perto de vias importantes, como o Anel Rodoviário e a MG-020.
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Já em relação ao PM10, material particulado de maior diâmetro e considerado pela ciência como inalável, a redução foi de 31% na média mensa. Outra estação verificada em BH foi a estação que fica na avenida do Contorno, no Centro, próximo ao Complexo da Lagoinha. Os dados dessa localização apontam redução de concentração média mensal de 26% no PM2,5 e de 10% no caso do PM10.
Segundo o presidente da Feam, Renato Teixeira Brandão, o levantamento feito pela equipe da Gesar corrobora outros estudos que mostram a emissão veicular como a principal fonte de poluição da capital mineira. “Conforme esperado, a paralisação, suspensão e redução de algumas atividades, com destaque para a redução do fluxo de veículos, contribuíram para diminuir a concentração dos poluentes partículas inaláveis e respiráveis no munícipio de Belo Horizonte”, afirma.
De acordo com o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, os dados mostram a importância do isolamento. “Os números que apresentam a melhoria da qualidade do ar sugerem a necessidade de reflexão sobre o impacto de cada uma das atividades humanas na sociedade e no meio ambiente. Com certeza, é um exercício que exige mudanças de hábito, no dia a dia”, disse.