O TEMPO

'Vamos passar por 60, 90 dias de muito estresse', diz ministro sobre coronavírus

Segundo Luiz Henrique Mandetta, medidas restritivas podem ser tomadas entre abril e maio

Por Daniele Franco
Publicado em 17 de março de 2020 | 17:51
 
 
 
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Em coletiva de imprensa, de Brasília, na tarde desta terça-feira (17), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que a situação causada pelo coronavírus no Brasil deve durar até julho. "Vamos passar 60 a 90 dias de muito estresse, talvez voltemos em setembro, desde que a gente construa a chamada 'imunidade' de mais de 50% das pessoas", declarou.

Mandetta ainda afirmou que as medidas de restrição de ordem federal poderão ser tomadas entre abril e maio, para quando está prevista uma elevação dos números da epidemia. O ministro ponderou, no entanto, que ações restritivas serão tomadas com cuidado para não interromper o abastecimento de grandes eixos do país. Nas palavras dele, "estamos estudando juntos para que, quando tomarmos medidas, que seja no sentido de gerar o menor impacto possível".

No pronunciamento, o ministro ainda destacou o trabalho do Sistema Único de Saúde (SUS) para identificar casos e o comportamento do vírus, ressaltando a dificuldade na identificação das transmissões comunitárias. Até o momento, os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro já registram contaminação sem um paciente inicial identificado. Estudos estão sendo feitos para averiguar se o mesmo acontece no Distrito Federal e em Sergipe.

O secretário de Vigilância Sanitária Júlio Croda, no entanto, ponderou que não há como especificar um mês quando acontecerá o pico, mas que o vírus no Brasil tem se comportado de forma semelhante ao que foi visto na Itália.

Números

Até esta terça-feira, 291 casos de coronavírus já foram confirmados no Brasil, com a maioria ocorrendo no Rio e em São Paulo. O primeiro óbito foi registrado nesta terça, 20 dias após a confirmação do primeiro paciente. Segundo Júlio Croda, as mortes pela infecção devem começar a aparecer a partir de hoje. "O que vemos é uma média de 14 a 21 dias de internação no CTI de pacientes graves, e estamos nessa janela agora", declarou.

A idade média dos infectados é de 42 anos, dos quais metade está abaixo dos 40. Conforme explicou Croda, esse perfil tende a mudar a partir do momento em que iniciar a transmissão comunitária, quando os mais velhos começaram a ser mais intensamente atingidos. A distribuição por gênero está praticamente igual, com 51% de mulheres contra 49% de homens infectados.

Dos pacientes confirmados, apenas 10% precisaram de hospitalização. O ministro explicou que o número de hospitalizações deve chegar a 15% da população das cidades. Segundo ele, o número é grande, visto que a regra obriga os municípios a terem um mínimo de 2 a 2,4 leitos de CTI a cada 100 mil habitantes. O número de 15% de hospitalizados inclui os que não necessitarão de CTI, mas, entre eles, 4% devem precisar, conforme previu Mandetta.

Pensando nessa previsão de superlotação de hospitais, o governo começou nesta terça-feira a enviar leitos de CTI para os Estados. Minas Gerais vai receber 50, mas o ministro não detalhou os municípios para onde serão destinados. "Os Estados é que vão enviar as necessidades de leitos, e nós iremos realizar o repasse para pagar esse incremento", informou.

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