15 minutos de fama

Trinta ex-BBBs entraram com pedido para receber o auxílio emergencial de R$ 600

Na lista há brothers e sisters que de fato pediram o recurso, outros que tiveram os dados fraudados, além daqueles que não responderam ao questionamento

Por da redação
Publicado em 01 de agosto de 2020 | 13:30
 
 
 
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Muitos brasileiros imaginam que um caminho rápido e garantido para a fama e uma vida financeira tranquila seja por meio da participação no Big Brother Brasil, reality show da TV Globo que chegou a sua 20ª edição neste ano. Porém, dos cerca de 320 brothers que já estrelaram o programa são poucos aqueles que conseguem se manter na fama e atpe mesmo com uma vida financeira estável.

Prova disso é que pelo menos 30 nomes apareceram na lista de pedidos do auxílio emergencial de R$ 600, programa criado pelo governo federal para amenizar os efeitos da crise causada pelo novo coronavírus (Covid-19). O levantamento foi feito pelo portal "Metrópoles".

Vida real

A participante da décima edição Eliane Kheirredine, conhecida como Lia Khey confirmou a necessidade do auxílio. “No Brasil é muito difícil se manter trabalhando apenas como ator, a profissão não tem um fluxo de trabalho constante. Por isso, também faço bico em produção de eventos — carrego até caixa se for preciso.

Mas o mercado de festas e shows também acabou sendo atingido durante a pandemia. Estou desempregada há uns quatro meses”, contou ela ao "Metrópoles", que após participar do programa estudou na Escola de Atores Wolfmaya. 

Lia conta que no primeiro momento quem se inscreveu para receber o benefício foi o pai, de 82 anos, mas que teve o cadastro negado. “Decidi solicitar também para poder ajudá-lo. Achei bacana a possibilidade de receber o auxílio”, explicou. O dinheiro, entretanto, não foi suficiente para arcar com todas as despesas, por isso ela entregou o apartamento onde morava em São paulo e passou a dividir outro com mais dois amigos no interior do estado.

“Aqueles trabalhos que conseguia por ser ex-BBB não existem mais, e eu não faço publipost porque não juntei seguidores suficientes. Tenho vida normal como 99% dos cidadãos brasileiros, que penam para conquistar o básico. Além disso, esses R$ 600 vêm dos nossos impostos”, completou.

A mineira de BH Analice de Souza, do BBB 12 é outra que confirmou o pedido. Segundo ela, que era proprietária de um restaurante na capital que já não caminhava bem, acabou tendo que fechar as portas e se enquadrou nos requisitos estipulados pelo governo.

“Meu negócio já não andava muito bem das pernas, estava complicado. Durante a pandemia, tentei entregar as comidas via delivery, mas não deu muito certo. Com o passar do tempo, percebi que a situação econômica ia demorar para melhorar, então optei por fechá-lo, porque não tinha como segurar as pontas”, disse.

“É minha única renda no momento. Existe uma ilusão muito grande do BBB. A maioria das pessoas que passou pelo programa voltou para o anonimato e enfrenta perrengues como todo mundo”, concluiu.

Prêmio esgotado

Dois casos que chamam a atenção são de vencedores do reality, Gecilda da Silva Santos, a Cida do BBB 4, e Rodrigo Fraga Leonel, o “Cowboy”, da edição 2. Ambos embolsaram R$ 500 mil, mas acabaram na lista. A assessoria do Cowboy limitou-se a dizer que não se tratava de fraude, enquanto a de Cida afirmou que não comentaria o assunto. Ela, no entanto, já concedeu entrevistas afirmando ter perdido todo o dinheiro.

Fraudes

Não foram somente os ex-BBBs vítimas de fraudes quanto ao auxílio emergencial. Inúmeras figuras públicas tiveram o nome vinculado ao cadastro para o recebimento de R$ 600. Pelo menos três participantes da edição deste ano se enquandram nesta situação: Daniel Lenhardt, Flayslane da Silva e Ivy Barbosa.

“Daniel está completamente capacitado para receber o auxílio, pois atende a todos os quesitos. Mas não sabemos como seu nome se encontra nesta lista, porque ele não solicitou o benefício. Como o dinheiro não foi depositado, acionamos a Caixa Econômica, e a questão já está resolvida”, disse a assessoria do brother.

Flay usou uma rede social para dizer que não sabe como seu nome foi parar no cadastro de beneficiários. De acordo com os dados do Ministério da Cidadania, o pedido foi feito tendo a mãe da sister como responsável.
Já Ivy Moraes também se diz alvo de fraude. “Ela não fez a retirada e acredita ter sido vítima do golpe/fraude”, comentou a assessora de imprensa da artista, Alessandra Câmara.

E não foram só os participantes desta edição que tiveram o nome vinculado ao benefício. Isabella Cecchi participou da 19ª, e, segundo sua assessoria, ela não pleiteou o benefício: “Isabella é vítima de uma fraude, usaram o CPF dela e já tomamos todas as medidas cabíveis”.

Também da edição 19, Hana Khalil Carvalho Cavalcanti de Albuquerque, por meio de sua assessoria, confirmou o recebimento do auxílio, mas negou ter solicitado. “Assim que ela descobriu como poderia devolvê-lo, o fez de pronto”. Com milhares de seguidores nas redes sociais, ela ainda publicou um vídeo com duas advogadas para tirar dúvidas sobre o auxílio do governo.

Franciele Primo de Almeida participou do BBB 14 foi outra. Casada com o também ex-brother Diego Grossi, negou a solicitação da ajuda de R$ 600.

Irritação

Apesar de constarem na lista, alguns brothers não gostaram de ver a repercussão do caso. A assessoria de Marcos Antonio Caruso Júnior, o Caruso, do BBB 2018, ameaçou processar o "Metrópoles" caso a matéria fosse publicada. Sem confirmar ou não o recebimento dos R$ 600, limitou-se a dizer que o cliente “está sempre dentro da lei, e é isso o que importa”. Dono de uma microempresa, ele não estaria apto a receber o dinheiro.

Quem também não gostou da abordagem foi o professor de Educação Física Giulliano Ciarelli, do BBB5. Ele  confirmou à reportagem que pediu o auxílio por ter perdido clientes. “Não é porque participei de um programa há 15 anos que vocês têm direito de me julgar. Exijo respeito”, pontuou.

Ex-integrante do BBB14, Jakeline Leal Lucena argumentou, por meio de sua assessoria, que passa por problemas pessoais e, por isso, não poderia ser incomodada. Já Solange Cristina Couto Maria, a Sol Vega, do BBB 4, não respondeu. Famosa por cantar uma música com um inglês pra lá de improvisado, ela voltou a ganhar destaque na edição deste ano ao ser homenageada em uma das provas.

Além dela, Manoela Latini Gavassi Francisno (Manu Gavassi – BBB 2020), Marcos Aurélio Viegas de Carvalho (BBB 2018), Maria Nilza Viana dos Santos (Mara – vencedora do BBB 2006), Marien dos Reis y Carretero (BBB 2013), Tamires Peloso Peixoto (desistente do BBB 2015), Vanessa Cristina Soares Dias (Tina – BBB 2002), Alan Possamais Barbosa (BBB19), Ana Paula Costa Agustinho (BBB 18), Bruna Maria Tavares (BBB 7), Fernando Carlos de Medeiros (BBB 15) e Luan Patrício dos Santos Rosa (BBB 15), não retornaram o contato.

Já Uilliam Cardoso Carvalho, conhecido como Uil, do BBB 2010, não foi localizado. Dono de uma microempresa especializada em artes cênicas, espetáculos e produção teatral, ele não se enquadraria na lista de possíveis beneficiados.

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