A estreia da terceira temporada de “Stranger Things”, na quinta-feira, dia 4, estava cercada de expectativas. Em sites como o Mercado Livre, a oferta de produtos com a logomarca da série ou com referências aos personagens estava a todo vapor. Até mesmo grifes como a Levi’s revisitaram os anos 80 e criaram uma linha especial só para “Stranger Things”. Tem moleton de mangas bem longas, calças jeans retas, bordados… Mais do que uma série, “Stranger Things” se tornou um estilo - e, para alguns, um vício. 

Sim, parece estranho que muitos adultos estivessem ansiosos pela retomada de uma atração, cuja trama de mistério é completamente “teen”, com monstros em mundos invertidos, namoros adolescentes de beijos intermináveis e dramas de quem está começando a vida adulta. Sim, tem tudo isso, mas tem muito mais. 

Confira os pontos altos e baixos do capítulo que abre a nova temporada de “Stranger Things”: 

Amor adolescente: A terceira temporada começa causando um estranhamento. Afinal, os atores estão em uma idade em que as meninas ganham ares de mulheres, enquanto os meninos ainda parecem garotos. Ver Mike (Finn Wolfhard) com Eleven (Millie Bobby Brown) é um pouco estranho, mas as cenas do namoro são muito divertidas de ver - tanto por quem é adolescente, como por quem já é adulto. No fim, todos já passamos por essa “paixonite” inocente. 

Cena mais divertida: Os espectadores que são pais e mães certamente rolaram (ou vão rolar) de rir com Hopper (David Harbour) irritadíssimo com os beijos dos adolescentes e com o tempo gasto pelos dois a portas quase fechadas no quarto de Eleven. A cena em que Joyce (Winona Ryder) ensina a Hopper como conversar com os namorados sobre seu desconforto é hilária. Mais ainda é a sequência, quando ele ensaia o que dizer, mas acaba fazendo tudo do jeitão dele. O melhor jeito possível para aterrorizar Mike e divertir o público. 

Amor na vida adulta: Harbour está incrível no papel de Hopper, assim como Winona na pele de Joyce. Os dois adultos principais dão ao público maior de 30, 40 anos, motivos mais do que suficientes para grudar os olhos na tela. Aliás, Hopper e Joyce já dão pinta, logo no início da temporada, de que o amor está no ar para eles também, por mais que a comerciante esteja ainda de luto por Bob Newby (Sean Astin). Certamente, todos estamos torcendo pelo casal! 

Sexismo exagerado e reação minimizada: Um dos poucos equívocos que o primeiro episódio trouxe foi o retrato da redação do “Hawkings Post”. Sim, havia muito sexismo ainda na época, mas Nancy (Natalia Dyer) é muito maltratada e humilhada pelos colegas jornalistas e não se revolta. Nos anos 80, já havia um movimento forte de igualdade de gênero. A cena, tanto da ação dos homens, como da reação de Nancy, foi exagerada. 

A turma do shopping: Ver a turma toda no shopping remete muito aos anos 80. Afinal, quem tem mais de 35 anos, certamente, passou alguma tarde com os amigos no shopping fazendo absolutamente nada. 

A estética: A cada temporada que passa, “Stranger Things” ganha mais glamour em sua estética oitentista. Sim, o figurino é incrível e algo essencial para que o público compre a história que está na tela. Tudo é lindo e perfeito. É preciso lembrar, no entanto, que essa estética é parte de um todo. Não adianta ter a estética sem uma boa história. E essa terceira temporada, ao menos em seu início, teve uma estética trabalhadíssima, mas um enredo que, logo em seu início, peca um pouco. 

O fantástico: Em plena Guerra Fria, a Rússia era o inimigo natural dos Estados Unidos. Os filmes de ação da época colocavam os russos sempre como vilões - algo que ainda vemos até hoje em algumas produções, enquanto outras tentam fugir deste clichê com enredos mirabolantes e risíveis. Mostrar a bandeira da União Soviética para contextualizar a época  é um acerto, mas a cena foi um tanto infantil. O início do capítulo fez tudo parecer meio “coisa de criança”, rótulo que a série batalha para perder. 

Para todos os públicos: Difícil demais fazer uma série que conquiste fãs adolescentes, jovens, adultos e até idosos. “Stranger Things” consegue, em apenas um capítulo, colocar tramas que conversam com cada um desses grupos. Will (Noah Schnapp), Mike, Lucas (Caleb McLaughlin), Dustin (Gaten Matarazzo), Eleven e Max (Sadie Sink) garantem o interesse dos mais novos por identificação; Nancy, Steve (Joe Keery) e até Billy (Dacre Montgomery) falam bem aos jovens; e Winona, ícone dos anos 80/90 é o chamariz ideal para os adultos. Afinal, a atriz nunca teve medo de participar de produções não-convencionais. 

O mais bacana é que os personagens de interesse de cada grupo conversam bem entre si, então, há passagens que agradam a adolescentes e adultos; ou a jovens e adultos; ou ainda a adolescentes e jovens. Ou aos três de uma só vez. Ponto para os irmãos Matt e Ross Duffer.