Danças das cadeiras

Funarte em Minas está sob nova direção

Atriz e psicóloga Fabiane Aguiar assumiu ontem no lugar do ator e produtor Maurício Canguçu

Por Letícia Fontes
Publicado em 07 de maio de 2020 | 08:13
 
 
 
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A atriz e psicóloga Fabiane Souza Aguiar Michel é a nova coordenadora da Fundação Nacional de Artes (Funarte) em Minas Gerais. Fabiane assumiu o posto ontem (6) substituindo o ator e diretor Maurício Canguçu, exonerado nove meses após ter assumido o cargo.
 
Fabiane é graduada em psicologia pelo Centro Universitário Newton Paiva e formada pelo Teatro Universitário da UFMG. Pouco conhecida no meio teatral, sua última peça foi "Entre quatro paredes", de Jean-Paul Sartre, que esteve em cartaz no ano passado justamente na Funarte.
 
Em sua currículo, estão ainda "Mulheres de Hollanda" (2007) e "A paixão segundo Shakespeare" (2016), ambas dirigidas por Pedro Paulo Cava no Teatro da Cidade. 
 
Os motivos que levaram a substituição da coordenação da Fundação,não foram revelados, mas segundo Fabiane, que também é terapeuta holística, no ano passado, ela enviou seu currículo para a equipe do então Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL). Essa será a primeira experiência da atriz na gestão pública.
 
"Recebi o convite há algumas semanas. Me sinto preparada para o desafio. Já realizei diversos trabalhos em parceria com órgãos públicos, coordenação de grupos em ONGs e iniciativa privada. Tenho muito experiência como atriz e conheço bem sobre o funcionamento de um espaço artístico. Isso tudo somado ao meu conhecimento em psicologia me auxiliarão a honrar esse compromisso. Quanto às críticas, claro que elas virão. Infelizmente, não é possível agradar a todos", afirma. 
 
De acordo com Fabiane Aguiar, em princípio, os planos são de dar continuidade aos projetos que já vinham sendo desenvolvidos na regional mineira. O desafio desta gestão, segundo ela, será o mesmo de todas as outra: a falta de recursos. Mas devido à pandemia do novo coronavírus, a nova coordenadora antecipa que vai ser preciso ser paciente. "Lidar com investimentos em artes, diante desse contexto de isolamento social em que estamos vivendo, não será nada fácil. A cultura já costuma ser o setor que mais sofre com escassez de recursos financeiros. Imagino que depois dessa pandemia, vamos precisar de tempo e paciência para nos refazermos como artistas", destacou. 
 
PLANOS
Ainda segundo a atriz, ela tem planos ambiciosos para a Funarte no Estado: "Melhorar a acessibilidade e o valor da arte", como ela mesmo define.  "Entendo que existem algumas questões estruturais do espaço que precisam ser melhoradas. Acredito que, neste momento, a revitalização do espaço seja o principal. O projeto já tinha sido iniciado na gestão anterior. Estou focada em dar continuidade a ele e em procurar parcerias para mais investimentos em artes. Estou tomando conhecimento dos projetos em andamento, conhecendo a equipe. Depois de passada essa fase inicial de adaptação, falarei em propostas", pontuou. 
 
A coordenadora salientou ainda que acredita no trabalho integrado em equipe. "Pessoas que trocam experiências, se ajudam e se apoiam. Cada qual em sua função, colaborando com o trabalho do outro, quando necessário. Mas ainda estou conhecendo a dinâmica da equipe. Preciso conhecê-los bem antes de detectar o que pode ser melhorado. Acho cedo para falar em problemas e mudanças", completou. 
 
DANÇA DAS CADEIRAS
Quem foi pego de supresa com a mudança foi o ator, diretor e produtor Maurício Canguçu. O ex-coordenador da Funartes-MG não foi avisado e ficou sabendo da exoneração pela imprensa."Eu não conheço a nova pessoa que vai assumir, já esperava que pudesse sair. Adoro eles, me surpreendi muito com o trabalho de todos lá, fui muito bem recebido, mas também não quero voltar. Fiquei decepcionado só de não ter sido avisado, achei desrespeitoso, desnecessário.  Isso se chama indelicadeza, não custava nada  ter me avisado. Não sei a educação dessas pessoas, mas a minha mãe me deu outra educação", lamentou Canguçu. 
 
Nesta terça-feira (5), em menos de 24 horas, foi anunciada a recondução e a exoneração do maestro Dante Mantovani à presidência da instituição federal. Mantovani voltaria ao cargo dois meses depois de ter sido exonerado pela secretária especial da Cultura, Regina Duarte.

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