Aníbal Augusto Sardinha (1915-1955), ou simplesmente Garoto, como era mais conhecido, não estava vivo para ver e ouvir uma de suas principais composições, “Gente Humilde”, originalmente um prelúdio, ganhar a letra de Vinícius de Moraes e uma contribuição de Chico Buarque e se tornar um clássico da música brasileira. Gravada por artistas como Ângela Maria, Taiguara, Maria Bethania, Baden Powell e o próprio Chico, a canção elevou novamente a nível nacional o nome do multi-instrumentista oriundo em São Paulo e que ganhou o apelido por iniciar muito cedo sua carreira, com apenas 11 anos.

Mas o legado de Garoto não se restringiu àquela obra. Após 63 anos de sua morte, ele continua a presentear seus admiradores com músicas inéditas. Nesta quinta-feira, às 19h30, no Conservatório UFMG haverá o lançamento em Minas do livro “Choros de Garoto”, que traz uma seleção de 67 partituras de choros do compositor, sendo cerca de 40% delas até então desconhecidas do grande público, como atesta o escritor Jorge Mello, que assina a publicação juntamente com os músicos Henrique Gomide e Domingos Teixeira – esses dois últimos, os responsáveis por recolher as partituras.

“Quem prefacia o livro é o violonista Paulo Bellinati, um grande deslumbrador da obra do Garoto. Há textos meus e um do Henrique Gomide falando do processo das transcrições das partituras”, relata Mello, que protagonizará um bate-papo no evento de hoje.

Haverá ainda apresentações do violonista Celso Faria e do 13 Cordas, duo formado pelos músicos Carlos Walter (violão de seis cordas) e Sílvio Carlos (violão de sete cordas).

“O duo (13 Cordas) tocará seis músicas; e eu, cinco. Algumas das músicas inéditas do Garoto, presentes no livro, estarão a cargo do duo. Então, podemos dizer que eu tocarei os clássicos, e eles ficarão mais com as inéditas”, relatou Faria, que terá em seu repertório músicas como “Lamentos do Morro”, “Debussyana” e “Gente Humilde”.

“Conheço a obra de Garoto há muitos anos, bem antes de eu entrar para o curso superior (da Escola de Música da UFMG). Desde sempre mantenho algumas peças dele no meu repertório”, afirma Faria.

Para ele, a importância de Garoto para a música brasileira vai muito além de “Gente Humilde” e
tantas outras composições ou das parcerias que o instrumentista fez ao longo de sua vida, como as forjadas com Carmen Miranda, Dorival Caymmi e Ary Barroso.

“A obra do Garoto é um dos alicerces da música no violão no século XX. É um material rico e diversificado. Hoje é praticamente impossível para alguém que estude violão não ter no mínimo uma música do Garoto em seu repertório”, diz.

SERVIÇO

O QUÊ. Lançamento do livro “Choros de Garoto”; bate-papo com Jorge Mello; apresentações de Celso Faria e 13 Cordas
QUANDO. Quinta-feira (hoje), às 19h30
ONDE. Conservatório UFMG (av. Afonso Pena, 1534, centro)
QUANTO. Gratuito