Acervo da pintora revela pluralidade de referências

A sueca Hilma af Klint foi uma das primeiras pintoras profissionais a frequentar a Real Academia de Belas Artes, na Suécia, na virada do século XIX para o XX, mas logo se distanciou de seu treino acadêmico para pintar mundos invisíveis, influenciada por movimentos espirituais como o grupo As Cinco, composto por mulheres artistas que acreditavam ser conduzidas por espíritos elevados que desejavam se comunicar por meio de imagens.

Ela tinha visões desde criança e, quando jovem, encontrou um grupo de mulheres que tinha os mesmos interesses em pesquisas esotéricas e sessões espiritualistas. “Ela fez da geometria um caminho de revelação do que ela acessava mediunicamente ou de forma subconsciente. Ela participou das famosas ‘seanses’, sessões espiritualistas que aconteciam em salões para a burguesia, cansada da religião protestante. E mais tarde filiou-se ao movimento teosófico e antroposófico”, comenta Luciana Pinheiro.

Segundo ela, Rudolf Steiner era o secretário geral da sociedade teosófica da Alemanha e viajava para dar palestras sobre o tema. “Em uma visita à Escandinávia, encontrou Hilma, que o convidou a ver as obras ocultas que pintou. A partir dessa visita, Hilma mudou sua forma de trabalhar, conquistando mais autonomia e liberdade criativa”, diz.

Hilma af Klint cartografou o invisível, deu a ele forma, cor e luz. “Sua vida é uma integração da arte com a ciência e a espiritualidade. Os alquimistas antigos não separavam as três. Não é possível desvincular a vida da artista, cientista, mística e mulher de tantos mistérios e tons, de sua obra igualmente rica em detalhes e metamorfoses”, comenta a biógrafa.

No livro, Luciana procura mostrar a personalidade da artista sueca como síntese de suas experiências e sua existência, sem reduzir a incontestável força de sua arte a apenas uma de suas esferas.

“Assim, o leitor poderá tomar conhecimento de sua infância, sua aproximação com movimentos espiritualistas na virada do século, de sua formação como pintora na Academia Real de Belas Artes, da independência financeira conquistada como pintora de paisagens e retratos, da formação de seu grupo de estudos espiritualistas De Fem, do encontro com Rudolf Steiner, entre outras passagens de sua vida”, diz Luciana.

“As Cores da Alma: A Vida de Hilma af Klint”

Luciana Pinheiro

Editora 300

286 páginas, R$ 98

Agenda:

O livro “As Cores da Alma: A Vida de Hilma af Klint” será lançado nesta quinta-feira (13), a partir das 19h, no Centro Cultural Minas Tênis Clube, na rua da Bahia, 2.244. No próximo dia 15, às 19h30, acontece uma palestra sobre a artista na Casa de Ita Wegman, na rua Montes Claros, 1.429. Informações: (31) 3317-1207 e (31) 3227-7965.