Às vezes, penso: ele não é mais o Zunguinha

Cachoeiro do Itapmeirim (ES). Pelo burburinho e do assédio, dava para perceber que ali, na terceira fileira do estádio, tinha alguém muito próximo de Roberto. Fisicamente bem diferente do irmão famoso, o médico Carlos Alberto Braga, 75, também voltava a Cachoeiro depois de 14 anos. "A importância de ele cantar aqui é tudo: por tudo que Cachoeiro nos deu. É aqui que aprendemos a ser gente. É daqui que ele saiu preparado para a vida". Diz que gosta de saber que tem um irmão famoso, querida no Brasil e até fora do país. Mas ressalta: "Não consigo distinguir o Roberto, meu irmão, do ídolo popular que ele se tornou. Ás vezes, páro e penso: ele não é aquele Zunguinha (o apelido de infância de Roberto era Zunga, nome do artesão que fabricava o barquinhos de madeira que o então menino brincava no rio Itapemirim) do nosso tempo. Hoje é o Roberto Carlos. Mas isso não faz diferença".

Ao lado dele, Norma, também irmã de Roberto, revela que ainda se surpreende com o aplauso e a loucura do público. É aí que cai a ficha: meu Deus, é tudo para meu irmão, contou, com a voz abafadada pelas arquibancadas que não paravam de gritar: "Rei, rei, rei, Roberto é nosso rei". "Não digo que Roberto não goste de ser chamado de Rei. Sei que ele ganhou esse título pela maneira de ser, pela simplicidade, pela maneira que conduziu sua carreira. Ele merece o título. Mas sempre diz para a gente: gosto que me chamam de Rei, mas não me sinto um". Também ausente de Cachoeiro há 14 anos, diz ter surpreendido com o tamanho da cidade: "Quando cheguei ontem (sábado) fiquei procurando a estação ferroviária perto da nossa casa. Não consegui localizar". E, momentos antes do irmão famoso entrar no palco, definiu o motivo de tanto sucesso: "Ele canta com o coração. Ele vive o que está cantando".