Cinema

'Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa' tem violência e humor

Filme traz jovialidade ao universo dos super-heróis e resgata referências dos quadrinhos

Por Fabiano Azevedo
Publicado em 06 de fevereiro de 2020 | 03:00
 
 
 
normal

É impossível não relacionar “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”, de Cathy Yan, que estreia hoje nos cinemas, ao festejado – e candidatíssimo a vários prêmios do Oscar – “Coringa” (2019), de Todd Phillips. Afinal, ambos têm protagonistas vilões do panteão de personagens do justiceiro mascarado Batman, da DC Comics, e de sua fictícia e emblemática Gotham City. São, ainda, tentativas de consertar os estragos causados pelo confuso “Esquadrão Suicida” (2016), também estrelado pelo casal de malfeitores Coringa e Arlequina, mas que definitivamente não engrena.

Ao contrário de “Coringa”, porém, que traz uma ambientação mais austera e uma narrativa calcada na construção complexa da personagem central, “Aves de Rapina” tem ritmo frenético e jovial. Remete e reverencia, de forma direta, a linguagem clássica dos super-heróis e a elasticidade caricatural e infantil dos desenhos animados. É também mais bem-humorado, irônico e dotado de uma violência plástica e exagerada, que por vezes lembra Tarantino em seus melhores momentos – e, por isso, o distancia da densidade dramática da obra de Todd Phillips. A Gotham City de Cathy Yan não tem nada da brutalidade retratada em filmes anteriores: é divertida, circense e irreverente. 

A trama se desenvolve em torno da personagem central, interpretada de forma brilhante e intensa por Margot Robbie – duas vezes indicada ao Oscar: em 2017, por “Eu, Tonya”, e, agora, por “Escândalo”. Ao terminar seu namoro com o insano Coringa – que, apesar de não aparecer, é uma constante no curso do filme – a personagem se envolve com o afetado vilão Roman Sionis, o Máscara Negra (Ewan McGregor, em atuação também memorável), que comanda o crime em Gotham City e está disposto a tudo por um precioso diamante.

Ao descobrir que Arlequina não tem mais a proteção de Coringa, Sionis decide acabar com ela – e aí inicia-se uma série de situações insólitas, que acabarão por envolver as demais personagens: a mestre em artes marciais e cantora Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), a detetive Reneé Montoya (Rosie Perez), a pequena delinquente Cassandra Cain (Ella Jay Basco) e a justiceira Caçadora (Mary Elizabeth Winstead). Caoticamente narrado em primeira pessoa por Arlequina, o filme traz, em flashbacks, a origem de todas, até que o destino – e o vilão – as reúne, num final um tanto previsível e que não faz jus ao envolvente desenrolar do longa.

Emancipação feminina

Não menos relevante é o fato de que “Aves de Rapina” é um filme que, tal qual outro recente lançamento da DC (“Mulher Maravilha”, de 2017, dirigido por Patty Jenkins e com Gal Gadot), é protagonizado, à frente e atrás das câmeras, por mulheres. Além de Cathy Yan, há a participação fundamental da figurinista Erin Benach, que brilha na caracterização das personagens, e da própria Margot, como produtora executiva.

O time formado pelas anti-heroínas, com Arlequina à frente, desbanca, ao longo das quase duas horas de ação ininterrupta, toda a sorte de homens violentos e rudes, em um claro sinal de que as mulheres deixaram de ser, ao menos no cinema de superpoderes, coadjuvantes. Vale lembrar, também, que a série de quadrinhos Aves de Rapina, da DC, atingiu o seu auge quando começou a ser escrita pela roteirista Gail Simone, em 2010.

Diretoras

Além de “Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa”, dirigido por Cathy Yan, que estreia hoje em todo o Brasil, outros aguardados lançamentos do gênero de super-heróis, em 2020, têm mulheres na direção. Em abril, estreia o filme solo de uma das mais bem-sucedidas personagens da franquia “Vingadores”, da Marvel: a “Viúva Negra”.

Estrelada por Scarlett Johansson, o filme terá, na direção, a australiana Cate Shortland. Em junho, é a vez de “Mulher Maravilha 1984”, sequência do primeiro filme da princesa heroína da DC, de 2017. Ambos têm direção da americana Patty Jenkins. Por fim, “Os Eternos” (Marvel), dirigido pela chinesa Chloé Zhao, estreia em novembro e é baseado na obra homônima de Jack Kirby, um dos maiores mestres dos quadrinhos.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!