Livros

Biografias além do Google: escritores se voltam para o público infantil

Marisa Lajolo e Lilia Schwarcz lançam Reinações de Monteiro Lobato; conheça outras biografias para crianças

Por Etienne Jacintho
Publicado em 31 de março de 2019 | 03:00
 
 
 
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Monteiro Lobato tinha irmãos? Ele tinha apelido? Será que ele foi um bom aluno? O que ele gostava de comer? Ao responder a essas e outras perguntas, as escritoras Marisa Lajolo e Lilia Schwarcz aproximaram Monteiro Lobato do público infantojuvenil, não por meio dos personagens que ele criou, mas pela própria biografia do autor. A dupla lançou na semana passada “Reinações de Monteiro Lobato”. 

“Biografias são histórias. E criança adora história”, fala Marisa Lajolo. “Imagino que livros que anunciam contar a história de ‘gente de verdade’ têm um apelo muito grande”, avalia. Não à toa, muitas personalidades nacionais e estrangeiras têm sido biografadas em obras voltadas para o público infantil por grandes nomes da literatura brasileira como Ruth Rocha, Flavio de Souza e a própria Marisa. 

“Acho que esse público tem curiosidade de saber histórias reais tão interessantes quanto os contos de fada”, afirma Flavio de Souza, autor de “Antes e Depois”, livro em que conta a importância de sete personalidades – D. Pedro II, Luiz Gama, Chiquinha Gonzaga, Lima Barreto, Monteiro Lobato, Mário de Andrade e Maria Lenk –, a partir de um momento decisivo na vida delas. 

“Sempre tive vontade de fazer isso. Conheci livros estrangeiros desse tipo para todas as faixas de idade e pensei em escrever versões para personagens reais brasileiros. Mas antes não havia muito mercado para esse tipo de livro, o que felizmente agora tem”, celebra Souza, que deixa a imaginação correr solta tanto na adaptação ou recriação de contos clássicos, como também na invenção de seus próprios universos – caso do “Castelo Rá-Tim-Bum”. 

“Bem mais difícil (escrever biografias), pelo fato de que tenho que frear minha imaginação. Mas nem tanto, né?”, brinca o autor, que acaba de lançar um canal no YouTube com leituras animadas de suas obras. 

A editora Antonieta Cunha destaca que não é qualquer personalidade que pode ser biografada para o público infantil e também alerta para a qualidade das obras.

“Nem todas têm charme”, fala a editora. “O autor tem de ter o cuidado de não fazer um livro com informação que seria encontrada num Google. “É preciso encontrar o jeito de falar com a criança”, diz ela. “Eu aconselharia a buscar recortes curiosos da personalidade biografada. É importante lembrar que, do outro lado, há um leitor interessante e interessado”, conclui. 

 

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