História

Bossa Nova é base da formação de Milton Nascimento

Redação O Tempo

Por DANIEL BARBOSA
Publicado em 21 de maio de 2008 | 22:16
 
 
 
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Se o namoro entre os universos da Bossa Nova e do Clube da Esquina já existia por interesse de Tom, que gostaria de ouvir todas as suas músicas na voz de Milton, a recíproca também é verdadeira, ou seja, a música do Maestro era cortejada por Milton antes mesmo que ele engrenasse na carreira artística. O autor de "Travessia" recorda que a bossa nova esteve na gênese de sua formação musical e que ele, inclusive, chegou a se dedicar ao gênero no início de sua trajetória.

"Eu e o Wagner (Tiso) ainda morávamos em Três Pontas e já ouvíamos as rádios que tocavam bossa nova. A gente ficava esperando as músicas, ouvia e ia tentando escrever as melodias para poder tocar depois", conta Milton, acrescentando que diversos outros artistas, além de Tom, entravam em sua órbita de preferências. "Uma das coisas que impressionou muito a gente, além do ‘Chega de Saudade’, que é um marco absoluto, foi um disco que a mãe do Wagner comprou. Ele ouviu, caiu para trás e me falou sobre. Era o segundo disco do Tamba Trio, de quem a gentenem nunca tinha ouvido falar. É das coisas da bossa que mais mexeu comigo", diz.

Paulo Braga, que chegou a Belo Horizonte mais ou menos na mesma época que Milton e Tiso, todos vindos do interior do Estado, reforça o grau de interesse que a bossa nova tinha para aquela turma. "Nossa geração ouviu muito bossa e também jazz. A gente ouvia João Gilberto, Tom, Carlos Lyra, Menescal, esse pessoal todo, mas oTomsempre foi o ponto forte, o mestre compositor. Em Belo Horizonte, eu, o Milton e o Wagner tivemos um grupo, o Berimbau Trio, isso em 1963. Eles tinham chegado de Três Pontas e eu de Guarani. A gente se encontrava e tocava um repertório bem variado, mas sempre muito baseado na bossa nova. O Milton tocava o baixo acústico, eu a bateria e o Tiso, piano, com todo mundo fazendo os vocalises", recorda.

Ele considera que, por essas e outras, os dois movimentos seguiram trajetórias paralelas, mas sempre tangentes. "Aparentemente a música mineira é um pouco distinta, mas tem a raiz e a influência da bossa nova. Esse disco e esse show ‘Novas Bossas’ concretiza o cruzamento de dois universos que vinham andandoemparalelo, mas sempre se olhando, se admirando", aponta. Na apresentação que agora chega a Belo Horizonte, além de Milton e dos três integrantes centrais do Jobim Trio, há também a presença de Rodrigo Vilas, no baixo acústico. Braga diz que a intenção é rodar por todo o Brasil com o show, mas na medida em que a agenda permitir, já que em breve "Novas Bossas" retorna aos palcos europeus. "Mas estamos felizes mesmo é de tocar em Belo Horizonte, que é nossa casa", ressalta.

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