O ano de 2019 trouxe desafios para a área artística, que se viu, de certa forma, desprestigiada no cenário político, com a confirmação do fim do Ministério da Cultura. Mas, ao mesmo tempo, houve a busca pela continuidade de iniciativas que tentam ratificar a importância do trabalho artístico – algo possível de ser constatado por meio da diversidade de exposições realizadas em Belo Horizonte, seja em centros culturais consolidados ou em pequenas galerias.
Parte dos projetos que integram esse panorama segue em cartaz e pode ser conferida na cidade neste fim de semana. São exemplos as mostras “Situações”, da mineira Sara Não Tem Nome; “Corpos em Trânsito: Formas de Conter e Contar o Mundo”, do argentino Fernando Poletti; “Chichico Alkmim: Fotógrafo”, centrada no legado do retratista mineiro; além da celebrada “Man Ray em Paris”, que revisita a trajetória do norte-americano amado pelos surrealistas.
Sara, que transita por diversas linguagens, tendo já lançado o disco “Ômega III” em 2015, apresenta sua primeira individual no Memorial Vale. Em “Situações”, a artista reúne uma década de produção artística, com destaque para a série de fotoperformances, que é uma das referências para o nome da exposição. “Eu também dialogo com o a série ‘Situations’, do artista islandês Sigurdur Gudmundsson, que trabalhava com fotoperformance, e com o vídeo do brasileiro Geraldo Anhaia, chamado ‘A Situação’, produzido durante a ditadura”, explica Sara.
A mostra, a seu ver, tenta abarcar a multiplicidade que caracteriza seu ofício. “Tentei fazer com o que o público pudesse ter um pouco dessa experiência. Eu não separo muito as coisas e articulo diversas linguagens”, diz.
Já Fernando Poletti dá destaque às esculturas, para as quais busca lançar um olhar para o feminino. “Mas a ideia não é tanto representar a mulher, e mais tratar do feminino que habita tanto os homens quanto as mulheres. Dessa forma, tentei também fugir um pouco da representação estereotipada dos corpos”, afirma ele, que reside em Belo Horizonte há cerca de cinco anos. Grande parte das peças foi feita em argila ou cerâmica.
Man Ray. A primeira exposição de Man Ray (1890-1976) no Brasil está aberta à visitação até 17 de fevereiro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB BH). A mostra contempla 255 trabalhos que oferecem ao espectador uma ampla visão da trajetória do artista – desde sua fase retratista até a experimentação com técnicas tradicionais de fotografia.
“Ele produziu vídeos em que também inseria essas manipulações”, diz a curadora Emmanuelle de l’Ecotais. Além das fotos e vídeos, são expostos objetos concebidos por Ray.
Retrato. Um dos mestres da fotografia em MG, Chichico Alckmin (1886-1978) deixou um precioso conjunto de imagens produzidas durante a primeira metade do século XX. Chichico foi autodidata, registrou casamentos, batizados e velórios e se destacou, sobretudo, pelos belos retratos. Duzentas e cinquenta e uma fotografias do acervo do Instituto Moreira Salles atestam o talento de Chichico e estão expostas até 23 de fevereiro, no Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro). Gratuito.
Programe-se. “Situações”