O filme "There Is No Evil”, do diretor iraniano Mohammad Rasoulof, impedido por autoridades de sair daquele país, foi premiado hoje com o Urso de Ouro do 70º Festival de Cinema Berlim, em uma edição marcada por um forte caráter político nas produções exibidas. O júri, presidido pelo ator britânico Jeremy Irons, concedeu o prêmio máximo ao filme de Rasoulof, que aborda a pena de morte, um tabu no Irã.
O filme costura quatro histórias de personagens confrontados com o mesmo dilema – devem ou não matar outras pessoas, mesmo condenadas legalmente? Vale dizer que o diretor está impedido de deixar seu país devido ao longa-metragem “Lerd”, que denuncia a corrupção no Irã e que foi premiado no Festival de Cannes em 2017. “Gostaria muito que ele estivesse aqui. Muito obrigado a toda esta equipe incrível que arriscou sua vida para estar no filme”, disse o produtor do filme, Farzad Pak, ao receber o troféu.
Apontado como o filme favorito da crítica, “Never Rarely Sometimes Always”, da norte-americana Eliza Hittman, que defende o direito ao aborto, levou o Grande Prêmio do Júri. Na verdade, a produção – que flagra a história de uma garota interiorana, de Massachusetts, que viaja a Nova York com uma amiga, para fazer um aborto – já havia sido aclamada no Festival de Sundance. Ontem, os atores Elio Germano, da Itália, e Paula Beer, da Alemanha, levaram os troféus de melhor interpretação, por seus papéis em “Hidden Away” e “Undine”, respectivamente.
O drama brasileiro “Todos os Mortos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, não foi premiado. No entanto, a participação do País este ano em Berlim foi significativa, incluindo a presença do cineasta Kleber Mendonça Filho (“Aquarius”, “Bacurau”, “O Som ao Redor”) no júri, além de outras produções terem sido selecionadas para diversas mostras do festival.