Literatura

Grande Sertão: Veredas e Sagarana ganham novas edições

Livros do genial Guimarães Rosa serão reeditados; veja os preços

Por André di Bernardi
Publicado em 16 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
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Um boa notícia para a literatura. A Companhia das Letras e a Global Editora preparam para este mês e o início de março o relançamento de duas obras fundamentais de Guimarães Rosa: “Grande Sertão: Veredas”, publicado pela primeira vez em 1956, e “Sagarana”, de 1946. O primeiro traz um novo projeto gráfico, além de uma cronologia ilustrada do autor. A nova edição conta também com textos sobre o romance, publicados, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago.

Já a Global Editora passa a publicar com exclusividade, a partir deste ano, toda a obra de Rosa, exceto “Grande Sertão: Veredas”. Os primeiros livros a chegar às livrarias serão “Sagarana” – primeiro obra publicado pelo autor, que contará com a apresentação da professora Walnice Nogueira Galvão e, na sequência, “Primeiras Estórias”, “Zoo” e “Fita Verde no Cabelo” (infantis), além de “A Hora e Vez de Augusto Matraga”, entre outros.

Para o fundador da Global Editora, Luiz Alves Júnior, o projeto chega em boa hora, no sentido de realçar o valor da literatura. “Quando cerca de 50% da obra estiver publicada em edições individuais, o que deve demorar dois anos, no máximo, começamos a preparar o volume da obra completa para sair pela Nova Aguilar”, explica ele. O diretor editorial, Jefferson Alves, por sua vez, ressalta que “os livros de Guimarães Rosa envolvem os leitores com sua linguagem poderosamente criativa e com seu modo único de conceber personagens e histórias de um Brasil profundo”.

É difícil reduzir a força literária de Guimarães Rosa a meros conceitos técnicos. Tudo que se diga a respeito não alcançará tamanha grandeza. É fulgurante sua prosa, que transcende e vai para além do cerne da palavra viva. Tudo ganha contornos de fábula e infinito. Tudo que diz respeito à alma humana diz respeito ao universo do escritor mineiro, que nasceu na pequena Cordisburgo, no dia 27 de junho de 1908, e morreu no Rio de Janeiro, no dia 19 de novembro de 1967.

Para o doutor em literatura brasileira e pós-doutor em literatura comparada pela Universidade de São Paulo (USP) Érico Melo, o relançamento dos livros de Guimarães Rosa é, talvez, o acontecimento editorial do ano. “Suas obras continuam a fornecer aos novos autores e leitores os padrões de uma literatura rica, culta e absolutamente devotada aos temas brasileiros, talvez como a de nenhum outro autor nacional, ao mesmo tempo em que muito ligada às matrizes europeias do alto modernismo e mesmo a clássicos como Goethe, Plotino, Descartes e vários outros”. Melo foi o responsável pelo estabelecimento do texto da nova edição de “Grande Sertão: Veredas”. E arremata, contundente: “Rosa construiu um castelo literário indestrutível, que permanece na paisagem cultural do Brasil como uma Torre de Babel ao mesmo tempo generosa e inalcançável”.

Rosa soube vestir-se de seus personagens, Riobaldo, Diadorim, Zé Bebelo, Joca Ramiro, Hermógenes. Verdadeiras personas/armadilhas. Uma vez dentro das histórias, o leitor se vê num labirinto feito de fascínio e arrebatamento. Regional, por isso mesmo universal. Como disse Fernando Pessoa, alguns homens nascem para serem enormes: “Porque eu sou do tamanho do que vejo/ e não do tamanho da minha altura”, e, sim, “o sertão é do tamanho do mundo”.

“Grande Sertão: Veredas”

De Guimarães Rosa

Companhia das Letras, 557 páginas, R$ 84,90

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