Festival

Homenageado participou da curadoria

Redação O Tempo

Por Ludmila Azevedo
Publicado em 21 de novembro de 2013 | 03:00
 
 
 
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De acordo com Carla Italiano, uma das organizadoras do forum.doc, havia a ideia de uma retrospectiva da filmografia do premiado Aloysio Raulino, nascido no Rio de Janeiro em 1947, e radicado em São Paulo desde adolescência. “Ele chegou a nos ajudar na seleção, mas morreu em abril deste ano. De modo que o recorte acabou virando uma homenagem”, explica.

Ewerton Belico realizou, juntamente com Júnia Torres, a curadoria dos documentários de Raulino. Ele conta que o artista, com uma trajetória de 45 anos dedicados ao cinema, sempre foi um grande entusiasta e colaborador do forum.doc. “Ele é um antigo parceiro, que sempre esteve conosco em várias edições. Já exibimos produções raras que ele restaurou e digitalizou”, revela.

Na programação do festival, o inédito “Riocorrente”, dirigido por Paulo Sacramento, será exibido.
Foi o último trabalho de Raulino, que ficou mais conhecido como um exímio diretor de fotografia. Como diretor, ele fez sua estreia com “Lacrimosa”, e lutou durante a década de 1970 ao lado de uma geração de curta-metragistas pela Lei do Curta, que exigia que salas de cinema exibissem um filme brasileiro de pequena duração antes de longas estrangeiros.

“O Aloysio Raulino tem um trabalho notável que começou a chamar a atenção nos anos 70 com filmes como ‘Braços Cruzados, Máquinas Paradas’, de Roberto Gervitz e Sérgio Toledo. Nos anos 2000, ele seguiu com produções como ‘Serras da Desordem’, de Andrea Tonacci, ‘O Prisioneiro da Grade de Ferro’, de Paulo Sacramento” e ‘os Residentes’, de Tiago Matta Machado”, diz Belico .

Tanto na condução como na fotografia dos documentários, o curador do festival afirma que Raulino primou por um trabalho bastante autoral. “Ele condensa traços de fotógrafo e realizador com seu profundo engajamento político. O Aloysio Raolino foi um cineasta coerente e ousado esteticamente”, comenta.

A seleção a várias mãos contemplou o aspecto abrangente e diverso da produção do artista que conservou algumas particularidades. “Ele assumia atrás das câmeras uma forte representação da cidade de São Paulo, especialmente dos ‘deserdados’, que são os migrantes, os negros, os pobres e todos que vivem às margens da sociedade. Mas fez isso de maneira inovadora e lírica.
Ele rompeu muitas barreiras como cineasta”, considera.

O autor, diretor e fotógrafo que já ocupa um lugar afetivo na memória do forum.doc também será lembrado por outro talento que possuía: a poesia. “Nós publicaremos alguns poemas dele encartados no catálogo como uma separata. Essa edição será distribuída gratuitamente na abertura do forum.doc”, finaliza. É Mais um lado expressivo e marcante de um grande artista.

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