Música

Kriol e Marcos Braccini mostram repertório inédito e revisitam clássicos

Canções no idioma crioulo cabo-verdiano serão contempladas na apresentação

Por Raphael Vidigal
Publicado em 06 de novembro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Jhê Delacroix, 30, não entendia a língua, mas, ao ter contato com o crioulo cabo-verdiano, foi tomada por uma sensação particular: a de algo que lhe “parecia comum”. A exemplo de Clarice Lispector (1920-1977), uma de suas escritoras favoritas, a cantora e compositora carioca, radicada há seis anos em BH, compreendeu que “entender é sempre limitado, mas não entender pode não ter fronteiras”, como escreveu a autora de “A Hora da Estrela”.

“Fiquei apaixonada pela característica percussiva da língua”, relembra Jhê. Assim aconteceu, em 2014, o seu primeiro contato com a música de Cabo Verde, por meio do parceiro Paulim Sartori, que lhe apresentou canções interpretadas por Cesária Évora (1941-2011) e textos de Mário de Andrade (1893-1945) sobre o tema.

Desse encantamento nasceu o Kriol, grupo formado por Jhê, Sartori, Edson Fernando e Camila Rocha. Nesta quarta (6), o quarteto mostra ao público um feixe enxuto de oito canções, com inéditas e releituras. Dessa leva, algumas foram compostas em crioulo cabo-verdiano e outras, em português. 

“A composição, para mim, é um trabalho diário. Todas as coisas me inspiram a criar. Componho porque preciso. Geralmente, as letras e as melodias surgem juntas, de uma vez, mas, às vezes, tenho que trabalhar um pouco mais”, revela Jhê. 

Responsável pela maior parte do repertório da banda, que será mostrado em formato de disco em 2020, Jhê saiu vencedora de duas edições do Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, incluindo a mais recente, e define como “fluido” o seu processo criativo. “Quero jogar no mundo as minhas canções autorais”, declara. 

Parceria

O espetáculo do Kriol abre a apresentação do músico Marcos Braccini, que tanto traz novidades quanto revê faixas de “Noturno”, lançado em 2014, quando ele debutou no mercado fonográfico. Mas a ligação entre Braccini e o Kriol vai além desse show. “Conheço o Braccini há muitos anos e, em 2017, o convidamos para assumir a produção do nosso disco”, diz Jhê. 

O trabalho de estreia do Kriol será lançado via Klave, selo idealizado por Braccini e Daniel Cavalcanti, designer e artista visual que atualmente mora em Barcelona. Aliás, o encontro diante do público mineiro será também uma oportunidade para celebrar o selo. “Graças ao Klave, estamos conseguindo um espaço bacana”, finaliza Jhê. 

Serviço

Show de Kriol e Marcos Braccini, nesta quarta (6), às 20h30, no Centro Cultural Minas Tênis Clube (rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos a R$ 25 (inteira). 

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