Artes visuais

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Parceria entre Masp e CCBB traz exposição focada na figura humana a Belo Horizonte

Por Raphael Vidigal
Publicado em 24 de abril de 2017 | 03:00
 
 
 
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Quem quiser descobrir o que há em comum entre Nelson Leirner e Pablo Picasso e Van Gogh e Anita Malfatti poderá ter a curiosidade sanada se comparecer à exposição “Entre Nós: A Figura Humana no Acervo do Masp”, já que, neste caso, as imagens valem mais do que mil palavras. Parceria entre o Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), a iniciativa fica em Belo Horizonte desta quarta até dia 26 de junho, das 9h às 21h, com entrada gratuita e visitação durante toda a semana, excetuando-se a terça-feira, dia em que o local não abre.

Luciano Migliaccio, curador da mostra, explica: “Mais do que uma característica temática, a importância primordial do trabalho é esse projeto de abertura do Masp, que completou 70 anos e agora repensa sua identidade, estabelecendo uma nova relação com o público ao não ficar restrito a São Paulo, adotando outra postura frente à cultura brasileira”, considera. Antes de chegar a Belo Horizonte, a exposição passou pelo Rio de Janeiro e já tem data marcada para chegar a Brasília, logo após a estadia em Minas. “É um desafio conceber uma exposição itinerante com mais de cem peças de tanto valor, mas marca uma evolução, sem dúvida, do ponto de vista estrutural e também conceitual do Masp”, sustenta Migliaccio.

Eixos. O curador divide a exposição em cinco eixos temáticos, que envolvem, em sua unidade, a representação da figura humana. “O primeiro é dedicado à abordagem religiosa; o segundo, aos retratos, suas funções e interpretações; o terceiro, ao estudo da forma plástica do corpo; e as duas últimas, ao modernismo brasileiro, à relação com o trabalho e, na sequência a convergência de linguagens, como fotografias, desenhos, instalações, propagandas”, explica Migliaccio.

Ele destaca, entre as obras que integram a exposição a coleção completa das esculturas das bailarinas de Edgar Degas. “O Masp é um dos sete museus do mundo que possui esse acervo, e a instalação ‘Altar para Roberto Carlos’, de Nelson Leirner, que encerra a exposição e é prova desse diálogo entre linguagens”, sustenta. Segundo Migliaccio, outro ponto alto da mostra é Modigliani, pintor italiano do início do século XX que não aparece relacionado a nenhuma escola de pensamento artístico. “Ele desempenha um papel particular no surgimento da pintura moderna ao insistir na representação da figura justamente quando o abstracionismo evolui, e, com isto, ele inova o retrato, aliando vanguardismo e tradição”, constata. Migliaccio vaticina que uma das condições fundamentais para esse comportamento foi o multiculturalismo da criação do artista. “Um italiano de origem judaica que trabalhava em Paris”, sublinha.

Museus. Para Migliaccio, o fato de a exposição ser gratuita “ajuda na aproximação com um público heterogêneo, mas não é só questão de dinheiro, e sim de hábito, já que muitas pessoas sentem-se excluídas desse mundo, e esse é outro problema cultural que o país, em consonância com os museus, deve tratar: de descobrir quais são os caminhos para que essa relação torne-se natural e fluida”. O curador indica que é papel dos museus, também, repensar sua relação com a modernidade, “já que ele deixou de ser um espaço de conservação para se transformar, muito mais, num lugar de mediação com o público e as experiências estéticas que a arte é capaz de causar no indivíduo e na coletividade”.

Inhotim. Questionado sobre um exemplo mineiro, o Inhotim, sitiado em Brumadinho e tido como maior museu a céu aberto do mundo, o entrevistado questiona se o Instituto pode ser considerado um museu. “Não sei se podemos nos referir a ele dessa maneira numa perspectiva clássica, mas é, certamente, um espaço fascinante para contato e fruição com experiências estéticas, inclusive as do universo natural”, infere.

Destaques

1909 - “Busto de Homem”, de Pablo Picasso
1919 - “Nus”, de Suzanne Valadon
1941 - “São Francisco”, de Cândido Portinari
1942 - “Guerra”, de Lasar Segall
1944 - “O Carregador”, de Diego Rivera

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