Música

Rufo Herrera em dose dupla

Redação O Tempo

Por Daniel Barbosa
Publicado em 08 de dezembro de 2008 | 18:35
 
 
 
normal

O maestro, compositor e instrumentista Rufo Herrera se dá a ver e ouvir em dois eventos distintos: o show que faz com seu Quinteto Tempos hoje, no Museu de Artes e Ofícios, e uma noite de autógrafos amanhã, para lançamento do CD "Balada para un Loco", que gravou com a cantora Sylvia Klein, o pianista Wagner Sander e também o Quinteto Tempos. O repertório do disco abarca obras de Villa-Lobos, Piazzolla e do próprio Rufo. Ele destaca que essa é a primeira incursão que o Quinteto Tempos faz pelo terreno da música cantada, com a adesão de Sylvia ao projeto, e que isso é basicamente o que distingue a apresentação de hoje do conteúdo do álbum que será apresentado ao público amanhã. "A gravação do CD com a Sylvia foi, digamos, uma parceria incidental na trajetória do Quinteto Tempos porque essa foi a primeira e única vez que trabalhamos com uma cantora. A proposta do grupo é, decididamente, a música instrumental.

É um trabalho quase didático, no sentido de divulgar esse tipo de composição e ampliar o público", diz, acrescentando que, no show de hoje, essa missão que o Quinteto se propõe será cumprida através de um repertório que inclui as "Bachianas", de Villa-Lobos, "Bebê", de Hermeto Pascoal, "Fuga" e "Libertango", de Piazzolla, além de temas de Marco Antônio Guimarães. Rufo aponta que esses são alguns dos compositores referenciais para o trabalho que desenvolve, seja com o Quinteto ou em projetos eventuais, como o "Balada para un Loco". O compositor argentino, radicado no Brasil desde 1963, destaca que o exercício da música instrumental exige uma seleção criteriosa dos compositores que se executa. "Se você trabalha com um repertório de música instrumental, tem que tentar lidar com uma coisa que seja antológica, única, por isso não nos interessa muito, ao Quinteto Tempos, ficar mudando o repertório. Preferimos executar um mesmo, trabalhando para que ele amadureça", diz. Sobre o disco, diz que foi idealizado a partir de um encontro com a produtora Carminha Guerra, do selo Karmim. Na ocasião, mostrou algumas gravações de Sylvia Klein cantando uma obra sua, em espanhol, feita sob encomenda para o encerramento de uma edição da Bienal de Música Contemporânea Brasileira.

"Conheço a Sylvia desde que ela fazia o solo no coral Ars Nova. Naquela época, o maestro Carlos Alberto Pinto Fonseca já havia identificado o quanto ela era boa e a colocado como solista. Ela se tornou uma cantora profissional, nos aproximamos e ela sempre falava na possibilidade de eu compor uma música para ela. Na Bienal de Música Contemporânea Brasileira de 1995, me pediram uma composição para o encerramento, com a Orquestra Sinfônica Brasileira sob regência do Rogério Duarte. Fiz a ‘Sinfonia Breve’, com um segundo movimento cantado, que homenageia Piazzolla, pensando na Sylvia", conta. Ele diz que a apresentação de sua música fechou em grande estilo a Bienal e ficou, além do sucesso da experiência, um registro gravado que não chegou a ser lançado comercialmente. "Mostrei essa gravação para a Carminha Guerra e veio a idéia de chamar a Sylvia para cantar a ‘Balada para un Loco’, do Piazzolla, de quem as canções são pouco conhecidas. Ele era da música instrumental, então esse repertório é raro.

Escolhi quatro canções dele, as que me parecem mais bonitas e significativas. Colocamos também no disco músicas do Villa-Lobos, pelo cinqüentenário de sua morte em 2009, e algumas coisas minhas. A Sylvia faz extraordinariamente bem as canções da ‘Floresta do Amazonas’, do Villa", elogia. Ele ressalta que "Balada para un Loco" foi um trabalho feito com esmero e boa dose de ousadia. "Acho que esse trabalho vai ter repercussão porque foi feito com capricho e arrojo. Foi gravado ao vivo, a partir de um show que estávamos fazendo pela primeira vez", diz.

Agenda

o que: Show do Quinteto Tempos
quando: Hoje, às 19h30 onde: Museu de Artes e Ofícios (praça da Estação, s/nº, centro)
quanto: Entrada franca o que: Noite de autógrafos para lançamento do CD "Balada para um Loco" quando: Amanhã, às 19h onde: Champanharia Ora Bolhas (rua Leopoldina, 639, Santo Antônio, 3296-1108)
quanto: Entrada franca

Repertório

"Balada para un Loco"

De Villa-Lobos
"Ária das Bachianas Brasileiras nº 5"
"Melodia Sentimental"
"Veleiros"
"Cair da Tarde"
"Canção de Amor"
De Rufo Herrera
"Mutações 04"
De Piazzolla
"Años de Soledad"
"Preludio para el Ano 3001"
"Chiquilín de Bachín"
"Balada para un Loco"

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!