Nesta segunda-feira completam-se exatamente 80 anos da primeira aparição oficial do coelho Pernalonga. Foi em 27 de julho de 1940, que um dos personagens mais importantes da história da animação mundial surgiu, no filme “A Wild Hare”. 

Símbolo dos estúdios Warner, o coelho que imortalizou o bordão "O que que há, velhinho?" segue com sua personalidade espertalhona imutável. E a celebração das suas oito décadas chega em meio a uma nova fase do personagem, que tem aparecido em curtas animados publicados na internet. 

Uma programação especial na TV também comemora  data. “Looney Tunes” clássico e “New Looney Tunes” estão em exibição no canal Boomerang, de segunda a sexta, às 18h, e aos sábados e domingos, às 11h, seguindo até dia 31. E, nesta segunda-feira (27), terá uma maratona das franquias, junto com o filme "Space Jam", entre 16h e 20h. No Cartoon Network, o melhor de Pernalonga contará com uma hora de programação também nesta segunda às 16h e às 23h.

História 

Como vários heróis de animação da Warner, Pernalonga surgiu de criação coletiva. Um coelho frequentou muitos curtas do estúdio entre 1936 e 1939, mas a paternidade oficial ficou com o animador e diretor Tex Avery, que definiu o nome, o visual e a personalidade dele em "The Wild Hare".

Avery tinha 38 anos e trazia no currículo o sucesso dos desenhos do porquinho Gaguinho e do pato preto Patolino.

Desde a estreia, Pernalonga era diferente de Mickey Mouse (e qualquer outro) porque estava adiante no tempo. Foi o primeiro dos desenhos dedicados ao público infantil a ser curtido por gente grande sem que adultos precisassem despertar a criança dentro de si. Alguns pais se divertiam mais com ele do que os filhos. O filão de humor em desenhos para adultos só se desenvolveria bem depois, nos anos 1990.

Pernalonga é o primeiro trapaceiro a se dar bem na cultura pop.  É malandro, enganador mesmo, e sempre sai por cima nos confrontos com outros personagens. Ele mente, é arrogante, dissimulado, se veste de mulher, finge ser o que não é, prepara armadilhas. E, no final, todos gostam dele.

Não somente os desenhos animados e quadrinhos inspiraram o personagem. Entre as influências do Pernalonga, estão nomes importantes da comédia, como o humor físico de Charles Chaplin, os aforismos de Grouxo Marx (Pernalonga chega a parafraseá-lo repetidas vezes) e o ar blasé de Humphrey Bogart.

Como o personagem surgiu em meio a um período histórico tenso, durante o auge da 2ª Guerra Mundial, era difícil mantê-lo alheio aos acontecimentos da época. Assim como outros personagens surgidos nesses tempos - o Capitão América dava um soco em Hitler na capa de sua primeira edição, o Pato Donald vivia sob o jugo do nazismo em um de seus filmes - o Pernalonga também foi usado como peça de propaganda de guerra, em filmes como “Bugs Bunny Nips the Nips” (1944) e “Herr Meets Hare” (1945).

Já nos anos 1950, Pernalonga incorporou o espírito otimista da época e passou a ser uma espécie de porta-voz do chamado American Way of Life. E na segunda metade do século 20, o personagem integrou diversas mídias, fazendo parte de filmes de sucesso, incluindo inovações estéticas mesclando animação e live action, como “Uma Cilada para Roger Rabbit” (1988), de Robert Zemeckis, em que Pernalonga faz uma breve aparição, e “Space Jam: O Jogo do Século” (1996), de Joe Pytka.

Mais recentemente, os personagens clássicos de Looney Tunes, como Pernalonga, Hortelino, Patolino, Marvin, Frajola, Piupiu, entre outros, ganharam uma websérie de curtas animados, alguns de apenas um minuto e outros com maior duração, inspirados nos filmes tradicionais dirigidos por Avery e outros mestres da animação. Uma boa pedida para a comemoração dos 80 anos de Pernalonga.