Quando a vovó começa a dar sinais de esquecimentos

Em suas primeiras investidas como escritora de livros infantis (em co-autoria), a jornalista Nalu Saad lidou com temas que acabaram exigindo um texto, digamos, mais extenso. Caso, por exemplo, de "Esquadrão dos Anjos", sobre o processo de um transplante de medula.  “Porém, sempre tive vontade de escrever um livro curtinho”, confessa ela. “O Baú dos Tesouros da Vovó”, que responde pela concretização desse desejo, será apresentado ao público hoje, a partir das 10h, com sessão de autógrafos. 

Com belas ilustrações de Iara Rachid, o livro concentra-se em duas personagens, avó e neta. “A história é narrada pela menina e tem início quando ela fica sabendo que a avó, que ia visitar todos os domingos, vai passar a morar em sua casa”.

Pouco a pouco, a garota percebe mudanças significativas no comportamento da idosa, que passa a se esquecer de coisas cotidianas. Diante de situações inusuais – como ver a avó guardar o chinelo na geladeira –, é hora de inquirir a mãe sobre o que está ocorrendo. Sim, o esquecimento é o tema que permeia a narrativa. A um certo ponto, a neta tenta até criar um baú, de modo a organizar o que a avó está perdendo por aí.

Embora não tenha se inspirado em um idoso em particular, Nalu lembra: todos nós somos (ou já fomos) netos. E se mudanças nessa relação provocadas pelo passar do tempo estão no script, elas podem, sim, ser enfrentadas com mais leveza se o afeto e a ternura estiverem presentes. 

Aliás, na casa de Nalu já funciona assim. Mesmo com as avós ainda bastante ativas, os filhos da jornalista, todos adolescentes, já têm a percepção das mudanças que, ao fim, fazem parte do curso da vida. E se esmeram em dar carinho a elas. "O que acho que o livro tenta passar é que, claro,  as coisas mudam, não são perenes. Mas a gente pode transitar por esses novos territórios com serenidade, tranquilidade e, acima de tudo, com amor".