O azeite é um dos protagonistas da inflação nos supermercados há meses. Mas ele não é o único óleo mais caro nas prateleiras. O óleo de soja ficou 11,76% mais caro em Belo Horizonte desde o começo deste ano, índice mais de duas vezes maior do que o IPCA (a taxa geral da inflação) da capital e região, de 4,57%.

Só no último mês, o óleo de soja ficou 7,7% mais caro em BH, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta do preço é impulsionada por alguns fatores, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade São Paulo (USP).

A exportação do óleo de soja está aquecida, elevando os preços no mercado externo com reflexos no doméstico. Os valores de exportação são os mais altos desde 2020, segundo o Cepea. Essa conjuntura é confirmada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

“O Brasil é um país produtor e exportador de óleo de soja juntamente com diversos outros produtores mundiais de óleo de soja e de outros óleos vegetais. As cotações no mercado interno refletem, basicamente, as cotações internacionais e a taxa de câmbio. Esses são movimentos naturais, volatilidade gerada por oferta e demanda. Independentemente disso, a prioridade da indústria é atender prioritariamente o mercado doméstico e a indústria de alimentos está contemplada”, diz a entidade, em nota. Ao mesmo tempo, complementa o Cepea, o aumento da demanda das indústrias de alimentos e de biodiesel — produzido com soja — elevam ainda mais os valores.

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O óleo de soja foi um dos itens que mais encareceu no carrinho dos belo-horizontinos no último mês. O site de pesquisa Mercado Mineiro avaliou preços nas oito principais redes de supermercados da região e encontrou altas de até 20,2%. É o percentual de aumento do óleo de soja da marca Veleiro, que subiu de R$ 5,94 para R$ 7,14. A opção mais barata encontrada pela pesquisa é a da Vitaliv, que custa R$ 6,94 — no mês anterior, era R$ 6,29. Nada comparado ao azeite. O vidro de 500 ml do azeite português Borges, o mais caro encontrado pelo Mercado Mineiro nos supermercados da cidade, custa R$ 59,80. 

A saúde dos consumidores perde nessa conta. A nutricionista Paula Magalhães explica que um dos problemas do óleo de soja é a alta concentração de ômega 6. Consumido em excesso, ele pode causar processos inflamatórios no corpo. No senso comum, diz-se que óleo de soja e azeite se tornam praticamente a mesma coisa quando são aquecidos, mas a especialista explica que não é bem assim.

“Isso não é totalmente verdade. Existem diferenças importantes entre os dois ácidos graxos (tipos de gordura). Quando aquecemos esses óleos,  tanto o azeite quanto o de soja, eles sofrem algumas alterações, mas o azeite extravirgem é mais estável estável ao calor por causa dos antioxidantes, polifenóis e as gorduras monoinsaturadas, que são mais resistentes a essa oxidação", explica.

"O óleo de soja, não. Ele é rico em gorduras poli-insaturadas, que são menos resistentes a essas reações que ocorrem no calor. Então, por isso, o óleo de soja pode formar alguns subprodutos prejudiciais à saúde, como radicais livres, alguns compostos tóxicos que não ocorrem quando a gente esquenta o azeite”, continua. Opção mais cara do que o óleo de soja, mas mais barata do que o azeite, é o óleo de canola, também indicada pela nutricionista.