Muitas pessoas acabam enxergando nos “bicos” uma oportunidade não só de lucrar no fim de ano, mas também de mudar de ramo e, assim, refazer a vida profissional e financeira em uma nova área de atuação. Um exemplo dessa reviravolta é a empresária Liliana Viana, de 51 anos, dona da Cacahuatt Chocolates e Café, que fica no bairro Cruzeiro, em BH. Formada em administração com habilitação em comércio exterior, ela trabalhou por 12 anos nessa área, mas em 2008 decidiu empreender, após ser demitida do emprego que tinha, pouco depois de ganhar o primeiro filho. 


“Eu ainda tinha um emprego quando comecei a fazer doces em casa e a vender para os vizinhos. Um tempo depois, expandi as vendas para restaurantes e lanchonetes, onde eu deixava os doces expostos em bonbonnières. Quando fui demitida, resolvi ter o meu negócio”, conta Liliana, que hoje se considera realizada profissionalmente.

Mas, para que a história de Liliana seja também a realidade de outros empreendedores, o analista do Sebrae Minas Victor Mota explica que o trabalhador deve tomar alguns cuidados antes de migrar de setor. “A pessoa precisa se capacitar. Antes de pôr a mão na massa, ela precisa entender como é a organização de um negócio, se há público consumidor e se o setor está em um bom momento”, destaca. 

Segundo Mota, é importante que o empreendedor busque conhecimento técnico participando de cursos e receba a orientação de especialistas sobre abrir uma MEI ou uma pequena empresa. Também é preciso ficar atento às especificidades do novo negócio, como investimentos, compra de insumos, produção, estoque, vendas e divulgação. “O primeiro erro que muitos cometem é a falta de planejamento. Se eu penso em vender cem unidades, não posso comprar insumo para 200. Além disso, muitos se esquecem do marketing. Tem que dar visibilidade àquele produto. As pessoas não vão comprar se não conhecerem”, destaca.


Para Liliana, participar de cursos de capacitação, como os oferecidos pelo Sebrae, foi valioso no sucesso da empresa. “Isso nos ajudou a entender onde poderíamos melhorar, onde poderíamos lucrar mais. Nos ajudou no controle financeiro, nas estratégias de vendas e na divulgação em redes sociais. Melhoramos consideravelmente a visibilidade da loja, tendo resultados positivos tanto no lado financeiro como na satisfação dos clientes”, comemora.

Dica é ter atenção ao que o cliente quer

Victor Mota, analista do Sebrae Minas, afirma que uma das principais atenções que um empreendedor deve ter é aos seus clientes. A dica, segundo ele, é conhecer a fundo quem vai consumir seu produto ou contratar seu serviço e entender o que ele valoriza.

“No caso do panetone, por exemplo, quem compra vai comprar para consumir ou para presentear? Se for para presentear, a embalagem e o visual têm peso na escolha do produto; quanto mais bonito for, mais valor terá. As pessoas ‘comem’ com os olhos”, orienta.

“No caso de um churrasqueiro, quem contrata o serviço dele para um evento busca conveniência e praticidade. Eu agrego mais valor se eu levar tudo; o cliente que te contrata não quer ter de comprar nada. Ele quer tudo entregue, e o serviço deve oferecer essa experiência”, completa Mota. 

Estratégias

De acordo com a pesquisa do Sebrae Minas, 17% dos empreendedores vão usar mídias sociais para se destacar da concorrência; 12% vão investir em marketing; e 10% terão o foco em estratégias promocionais. Para Victor Mota, apenas divulgar um produto ou serviço nas redes não é suficiente para valorizá-lo. Ele destaca ser necessário que o empreendedor avalie os pontos fortes e fracos do que oferece em relação aos seus concorrentes e busque agregar diferenciais ao seu serviço.