O valor do aluguel que influenciadoras pagam para viver em imóveis de luxo em São Paulo e no Rio de Janeiro vem dando o que falar na internet. Juliette se mudou recentemente para uma mansão na Barra da Tijuca (RJ) e está pagando R$ 60 mil por mês para morar no imóvel. A influenciadora Karoline Lima também revelou que gasta R$ 37 mil de aluguel para viver em um apartamento em São Paulo.  


Afinal, será que vale a pena investir tanto dinheiro em uma casa que não é sua? Especialistas explicam que depende de uma série de fatores, mas quando se tratam de pessoas multimilionárias a resposta pode ser positiva. Já a realidade para o brasileiro de classe média é bem diferente.


O educador financeiro Matheus Machado afirma que um imóvel que tem o aluguel de R$ 60 mil pode custar até R$ 30 milhões, valor que nem toda pessoa tem ou está disposta a desembolsar:


"Se ela está pagando 30, 40, 50, 60 mil por um aluguel, a gente tem que verificar o quanto esse imóvel valeria primeiro e se o inquilino já tem patrimônio suficiente para comprá-lo... É claro que nós estamos falando de blogueiras e artistas, que em teoria, são pessoas multimilionárias, mas qual o tamanho dessa fortuna?", completa.


Investir valores altos em imóveis não é sempre a melhor maneira de conseguir rendimentos no patrimônio. Desembolsar milhões em uma casa pode representar um rombo nas economias:


"Bom, se eu tenho esse dinheiro, eu posso pegar esse valor,  trabalhar e aplicar. Vai ter um rendimento maior. Eu também posso fazer estratégias no mercado financeiro para multiplicar esse dinheiro. Como comprar imóveis menores e transformar isso em outra fonte de renda", aconselha o educador financeiro.

A influenciadora Karoline Lima mora em um apartamento de luxo em São Paulo alugado por R$ 37 mil

 

Estilo de vida diferente


Outro ponto abordado por especialistas da área é que a rotina das celebridades, jogadores de futebol e digitais influencers é incerta e diferente da maioria dos brasileiros. Para grande parte dos famosos, é complicado definir a cidade que vão morar para o resto da vida.


Thiago Melo, corretor de imóveis de luxo em Belo Horizonte, afirma que esse perfil de cliente costumar optar por contratos curtos:


"Eu recebo dois perfis de clientes: influenciadores e jogadores de futebol. Eles preferem alugar por não terem certeza de quanto tempo vão ficar na cidade. Hoje eles estão em BH e daqui um ano ou dois podem estar em outro lugar", afirma Melo.


Para os influenciadores, um bom lugar para a criação de conteúdo também influencia:


" Se eles estão em uma casa e aparece a oportunidade de uma outra mais bonita, que vai gerar um retorno melhor de criação conteúdo, eles vão mudar. Os contratos geralmente são de 1 ano", afirma o corretor.


Em Belo Horizonte, a procura por imóveis de luxo é maior em condomínios. A região da Pampulha e o bairro Vila da Serra, em Nova Lima, são os lugares mais visados.


A realidade do brasileiro


Para a classe C, D e E, que representa a maioria dos brasileiros, a realidade é completamente diferente e pagar um aluguel alto pode prejudicar a vida financeira. O ideal é que o gasto com essa despesa não passe de 30% do salário:


"O aluguel, embora você esteja pagando, você não está adquirindo um bem. É um passivo constante, você está sempre pagando e ele não está literalmente construindo nada na sua vida. O recomendado é que você tente não gastar mais do que 30% da sua renda com essa despesa", recomenda Matheus, educador financeiro.


Machado também aconselha que outras despesas com a moradia estejam incluídas nesses 30%:


"Ainda tem condomínio aí dentro, tem IPTU, quem aluga paga o IPTU. Todas essas despesas têm que ser consideradas para a gente tentar manter esse limite dos 30%. Eu sei que é difícil, mas é necessário. Planejamento financeiro passa por isso, passa por escolhas e às vezes é necessário morar em um lugar um pouco mais básico para que possa construir alguma coisa na vida. Caso contrário, a gente vai passar a vida inteira pagando conta e sem construir nada" finaliza Matheus.