Um estudo divulgado pelo Serasa Experian nesta quarta-feira (19) mostra que índices como geração de emprego, demanda e oferta por crédito vêm crescendo no Brasil enquanto a inadimplência começa a desacelerar.

As micro e pequenas empresas são responsáveis por manter a economia brasileira aquecida. Apenas em abril deste ano, foram 155.725 novas contratações para o mercado, ou 64,9% de todos os empregos gerados no país no período, enquanto as médias e grandes empresas contribuíram com 69.494 novos postos de trabalho, o que corresponde a 29,0% do total de empregos criados em abril.

Luiz Rabi, economista do Serasa, explica que as pequenas empresas servem de termômetro para a economia do país. “As microempresas refletem seu bom ou mau momento na curva de contratação. Tivemos, de janeiro a maio deste ano, um aumento mês a mês na contratação de emprego por parte de micro e pequenas empresas. Este ano é diferente do passado, que foi construído em cima do agronegócio. O PIB agropecuário cresceu 15% ano passado, puxando o crescimento de 3% do PIB da economia no geral. Este ano, o eixo não é o agronegócio, o crescimento deste ano é puxado pelo consumo das famílias, que movimenta basicamente todos os setores, principalmente serviços e comércios”, diz.

No acumulado do ano, a geração de empregos pelas micro e pequenas empresas equivale a 61,3% do total de empregos gerados ou 588.133 vagas criadas, dentro do universo de 958.425 novas contratações gerais. “Por trás disso, temos um mercado de trabalho bem aquecido, com uma taxa de desemprego que não existia desde 2014, além das transferências de renda, pagamento de precatórios, gerando um bom momento para a expansão do consumo das famílias, a redução de juros também ajudou. Com juros mais baixos, crédito crescendo e mercado de trabalho aquecido, crescimento da renda real com o salário subindo acima da inflação, faz a economia crescer com o consumo, que rebate nos setores de comércio e serviços”, completa Rabi.

Chamado de Empreender Brasil, o balanço trimestral sobre a situação das micro, pequenas e médias empresas no país é dividido em categorias e traz dados demográficos e segmentados sobre a atividade econômica.

Segundo um levantamento feito pelo Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, o Brasil possui quase 22 milhões de empresas ativas, sendo que 93,6% delas são consideradas micro ou pequenas empresas. Em Minas Gerais, são cerca de 2,2 milhões, representando 94,41% dos empreendimentos no estado.

São Paulo lidera o ranking de maior concentração de negócios desta categoria, com quase 5,8 milhões de empresas registradas, cerca de 28,6% de todo o país. Apesar disso, apenas 92,5% das empresas ativas são de pequeno porte, o que é a menor proporção de todo o Brasil.

A grande concentração das microempresas e empresas de pequeno porte estão nas regiões Norte e Nordeste, com exceção de Goiás. Paraíba lidera o ranking, com 95,76%, seguida de Rondônia (95,76%), Bahia (95,35%), Alagoas (95,34%), Pará (95,27%), Maranhão (94,93%), Amapá (94,87%), Sergipe (94,64%), Goiás (94,61%), Piauí (94,6%) e Roraima (94,53%).

Os setores de atuação das microempresas e empresas de pequeno porte são variados. 5% delas atuam na área de comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, cabeleireiros, manicure e pedicure representam 4%, seguidos de promoção de vendas (3%), obras de alvenaria (2,7%) e preparação de documentos e serviços especializados de apoio

Taxa de sobrevivência

A Taxa de Sobrevivência das micro e pequenas empresas também foi tema do estudo. Cerca de 57,7% dos MEIs conseguiram manter seus negócios vivos até completarem 5 anos desde a sua fundação. Esse número aumenta para 74,3% quando olhamos para as Microempresas (MEs) e continua crescendo conforme o porte da empresa aumenta.

Nas Empresas de Pequeno Porte,  78,6% conseguem sobreviver após 5 anos, enquanto nas médias e grandes empresas, 83,4%. 

Para o economista do Serasa, o número de MEIs no país foi impulsionado pela pandemia, quando muitas pessoas perderam o emprego e procuraram uma outra maneira de conseguir renda. “Durante a pandemia, da criação do empreendedorismo por necessidade. Diante das restrições, várias pessoas perderam sua principal fonte de renda e tiveram que se virar, desenvolvendo atividades em suas casas. Isso é uma realidade no brasil, com a taxa de desemprego que historicamente para gente é baixa, mas comparada a outros países é alta. Há um contingente muito grande de desempregados e isso gera a mortalidade das MEIs”, explica Rabi.

Além disso, a inexperiência de muitos desses empreendedores corrobora para o insucesso dos negócios. “Eles acabam cometendo equívocos na hora de abrir o negócio. Um deles é abrir quando não possuem maior noção do que fazer. Uma pessoa que não entende nada de culinária não pode abrir algo de salgados. Ela não vai ser bem sucedida, ela não conhece. Conhecer o negócio é a regra básica. A segunda é fazer uma pesquisa de mercado, sabendo localizar o negócio. E a terceira é a gestão financeira. As pessoas que abrem negócios acham que todo dinheiro que entra no caixa é dela, mas é do negócio. O bolso dela não é o mesmo da empresa”, completa.