A região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, vai concentrar cerca de 78% dos investimentos previstos para a exploração de lítio no Brasil até 2029. Assim, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) calcula que cerca de US$ 906 milhões devem ser destinados ao chamado ‘Vale do Lítio’. Os valores foram apresentados, nesta quarta-feira (05), durante coletiva de imprensa. 

A extração de minério de lítio na região é feita pela Companhia Brasileira de Lítio (CBL) e a  Sigma Lithium. No caso da Sigma, a produção é de 270 mil toneladas/ano e a previsão é chegar até 520 mil toneladas neste ano. De acordo com o Ibram, considerando todo o aporte projetado para Minas Gerais até 2029, a previsão é que o setor faça uma aplicação na ordem de US$ 16,5 bilhões no estado, para todas as áreas da mineração até 2029. Em todo o Brasil, o investimento no período chegará a US$ 68,4 bilhões.

Durante a coletiva, o instituto afirmou que o faturamento do setor mineral em 2024 somou R$ 270,8 bilhões, um aumento de 9,1% em relação a 2023. Minas Gerais seguiu na dianteira e foi o estado com maior arrecadação no país, contabilizando R$ 108,3 bilhões do total no país. O crescimento em 2024 foi de 4,5%. O Pará seguiu na segunda colocação, somando R$ 97,6 bilhões, mas com aumento de 14,4% no ano passado, mais que o triplo do crescimento observado em Minas. 

São Paulo, Bahia, Goiás e Mato Grosso fecham a lista, segundo o Ibram. O minério de ferro foi a substância mais relevante para o setor em 2024, em termos de mineração, somando R$ 160,7 bilhões, alta de 8,6%. O minério de ouro ficou em segundo lugar, sendo responsável por uma arrecadação de R$ 23,9 bilhões, representando um aumento de 13,3%. 

“Houve uma retomada em algumas mineradoras na produção de ouro, que havia tido uma redução significativa em 2023. Essa retomada, junto com o aumento na produção de minério de ferro permitiu a recuperação e aumento de produção, levando a esse faturamento”, disse o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regionais do Ibram, Júlio César Nery. 

Ainda segundo o diretor, o Ibram reduziu as expectativas de investimentos para o estado, até 2029, em função do término de algumas atividades. “Alguns projetos em implantação foram terminados, principalmente relacionados às melhorias operacionais em diversas minas. Tivemos, no ano passado, várias barragens descaracterizadas em Minas”, revelou. 

Efeito Trump 

O diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann, também comentou os possíveis efeitos de um tarifaço sobre produtos importados pelos Estados Unidos, conforme promessa de Donald Trump. Jungmann avaliou que, inicialmente, as medidas econômicas do presidente norte-americano não devem impactar o setor no Brasil, que tem 80% das exportações voltadas à Ásia. Desse total, 69,7% corresponde ao volume de minerais enviados à China. 

“Isso, de certa forma, já reduz o impacto de um possível tarifaço dos Estados Unidos”, disse Jungmann, ao citar que o Brasil possui reservas de minerais considerados críticos e estratégicos nos Estados Unidos. “Teríamos capacidade de atender”, afirmou. 

Sobre o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, o diretor-presidente do Ibram citou que há margem de crescimento de negociações com países europeus. “Seria bom que houvesse uma desconcentração dessa demanda na Ásia. Eu brinco que se a China tiver uma gripe, nós vamos ter uma pneumonia”, exemplificou.