O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em fevereiro foi de 1,31%, a maior taxa para o mês em 22 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). O balanço indica uma pressão maior de gastos dos brasileiros com os grupos de educação e habitação, além dos custos com alimentação e bebidas. 

Em relação a janeiro, a inflação no país avançou 1,15% acima do percentual apurado em janeiro. Em dois meses, o IPCA acumula uma alta de 1,47%, sendo que no balanço dos últimos 12 meses os preços subiram 5,06%. 

Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, de acordo com o IBGE, a maior variação foi registrada pelo grupo educação, com 4,70%, seguido de habitação que somou 4,44%, sendo o grupo responsável pelo maior impacto proporcional no índice do mês.

Destacam-se, também, as altas nos grupos alimentação e bebidas, de 0,70%, e transportes de 0,61%. Juntos, os quatro grupos respondem por 92% do índice IPCA de fevereiro, segundo o levantamento. 

Aracaju foi a capital com maior variação em fevereiro, com inflação de 1,64%. Campo Grande aparece em segundo lugar, com 1,62% e Curitiba, em terceiro, ao somar 1,55%. Belo Horizonte ficou na décima primeira posição no ranking das capitais com IPCA de 1,31%.

Gastos elevados

No grupo educação, o IBGE identificou que a maior contribuição veio dos cursos regulares, que encareceram 5,69% em função dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo. Já as maiores variações vieram do ensino fundamental, com avanço de 7,51%, do ensino médio (7,27%) e da pré-escola (7,02%).

Já para habitação, a energia elétrica, mesmo sem nenhuma mudança tarifária, foi o que mais pressionou o orçamento, com encarecimento de 4,44%. Considerada apenas a energia elétrica residencial, o salto foi de 16,80% em fevereiro, após a queda observada em janeiro -14,21%, em função de mudanças na incorporação do Bônus de Itaipu, de acordo com o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves. 

“Essa alta se deu em razão do fim da incorporação do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos em faturas no mês de janeiro. Com isso, o subitem energia elétrica residencial passou de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta de 16,80% em fevereiro”, explica. 

No grupo alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio subiu 0,79% em fevereiro, mostrando desaceleração em relação a janeiro de 1,07%. Contribuíram para esse resultado as altas do ovo de galinha, de 15,39%, e do café moído, que somou 10,77%. No lado das quedas destacam-se a batata-inglesa (-4,10%), o arroz (-1,61%) e o leite longa vida (-1,04%).

A alimentação fora do domicílio (0,47%) também desacelerou em relação ao mês de janeiro (0,67%), com os subitens lanche (0,66%) e refeição (0,29%) mostrando variações inferiores às observadas no mês anterior. No grupo dos transportes, o resultado foi influenciado pelo aumento de 2,89% nos combustíveis. O óleo diesel encareceu 4,35%, o etanol 3,62% e a gasolina 2,78%. 

“O café, com problemas na safra, está em trajetória de alta desde janeiro de 2024. Já o aumento do ovo se justifica pela alta na exportação, após problemas relacionados à gripe aviária nos Estados Unidos, e, também, pela maior demanda devido à volta às aulas. Além disso, o calor prejudica a produção, reduzindo a oferta”, completa o gerente.

INPC também avança

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 1,48% em fevereiro. No ano, o acumulado é de 1,48% e, nos últimos 12 meses, de 4,87%, acima dos 4,17% observados nos 12 meses anteriores.