O CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam, Jefferson De Paula, criticou, nesta sexta-feira (14), o tarifaço de 25% implementado por Donald Trump, nos Estados Unidos, sobre as importações de aço. A alíquota entrou em vigor na última quarta-feira (12) e, na avaliação do executivo, deve ser derrubada.
De Paula falou sobre o assunto durante a inauguração da nova unidade de trefilaria da planta de Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte, em um investimento de R$ 144 milhões. O CEO, que também integra o Instituto Aço Brasil (IAB), afirmou que as negociações com a Casa Branca são conduzidas pelo Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Mdic), envolvendo representantes do setor.
De acordo com o CEO, já foram realizadas reuniões com integrantes do governo norte-americano para tentar derrubar as tarifas. “E acreditamos que vamos chegar a um acordo porque em 2018 foi a mesma coisa”, disse o CEO, em referência ao primeiro mandato de Trump na Casa Branca.
À época, o republicano também estabeleceu uma taxa de 25% sobre o aço de outros países, mas a alíquota foi derrubada após uma série de negociações. “Nós estamos mostrando para o governo, que os EUA precisa importar aço semiacabado, porque lá faltam placas de aço”, detalhou o CEO.
A Arcelor exporta aço semiacabado em uma operação que envolve a Calvert, um braço da companhia nos Estados Unidos. “No ano passado, os EUA importaram 5,6 milhões de toneladas e nós aqui no Brasil exportamos 3,5 milhões nesses 5,6. Por isso acreditamos que vamos chegar em um acordo, como em 2018, quando mostramos que isso era um ‘ganha-ganha’ e saímos dos 25% e colocaram uma cota, que é o que queremos e estamos negociando”, salientou.
No sistema estabelecido, a siderurgia brasileira podia exportar até 3 milhões de placas e mais 680 mil toneladaa de produtos. “E desde 2018, o Brasil não descumpriu uma grama e por causa disso estamos em negociação. Nós acreditamos que vamos acabar chegando a um acordo, porque é bom para as duas partes”, finalizou.
Apreensão
Se por um lado as taxas de Trump preocupam o setor produtivo, a apreensão também chega ao governo estadual. Após o governador Romeu Zema (Novo) se esquivar do assunto, o presidente da Invest Minas, a agência de investimentos do estado, João Paulo Braga, afirmou que há uma preocupação sobre o futuro dos investimentos das empresas produtoras de aço em Minas. Ele afirmou que a tensão é global e que, até o momento, o cenário é de manutenção dos aportes.
“As empresas estão se movimentando. Em um cenário em que cada vez mais você tem pressão de custos para ser mais competitivo, só vai conseguir oferecer um produto adequado quem investir em competitividade, reduzindo custos e sustentabilidade para controlar as emissões. Porque embora essa agenda esteja sofrendo uma turbulência recente em função do presidente Trump, ninguém está abandonando. Talvez, vai desacelerar, mas ela vai continuar existindo”, comentou.
Braga ainda sinalizou que o momento é de cautela e observação dos desdobramentos entre Brasil e Estados Unidos. “Precisamos estar atentos, porque ninguém quer perder investimento. Mas não é o cenário que estamos percebendo neste momento”, complementou o presidente da Invest Minas.
Braga ainda afirmou que a entidade tem mantido diálogo com as produtoras de aço que atuam em Minas, para garantir a competitividade da indústria contra possíveis práticas ilegais na importação de aço chinês. “Essencialmente, é uma pauta relativa a imposto de importação que diz respeito ao governo federal. Não é um jogo fácil”, acrescentou.