Um abaixo-assinado pretende derrubar a instalação de painéis de LED para publicidade na praça Sete, no hipercentro de Belo Horizonte. O movimento é encabeçado pelo arquiteto e urbanista Gustavo Penna, um dos mais renomados da capital mineira.
O texto, publicado em uma plataforma de petições, contesta a Lei 11.828/2025, que autorizou a instalação dos luminosos em um dos principais cruzamentos de BH, entre as avenidas Afonso Pena e Amazonas. A legislação usa como modelo a Times Square, em Nova York.
Após a aprovação para a praça Sete, o setor de comércio e serviços vislumbra a mesma estrutura para a região da Savassi. No entanto, a mobilização deve enfrentar resistência. “Belo Horizonte não é Nova York, não. Belo Horizonte é belo porque é nosso. E é nosso porque tem a nossa cara, nossa identidade, nossa paisagem. Esconder a paisagem atrás de paineis fere nosso rosto: tapa na cara!”, diz o texto assinado por Penna na Change.org.
O profissional criticou a comparação entre a praça Sete e a Times Square. “É o coração de nossa cidade, onde todos cruzamos e nos encontramos na lida da vida. Esconder o coração atrás de painéis não traz vida, ao contrário a retira: morte por asfixia”, lamentou o arquiteto.
Penna rechaçou qualquer estrutura para anunciar ofertas de supermercados e de propagandas do governo. “Não dá muito certo substituir as belas e bem traçadas curvas do Mestre Niemeyer pelo menor preço do frango desossado”, comparou. Gustavo Penna elogiou a estrutura dos prédios da praça Sete e disse que as quatro esquina do cruzamento das avenidas Amazonas e Afonso Pena “são potentes”.
O profissional lamenta uma tentativa de achatar a cultura de BH por interesses comerciais”, e opinou que a requalificação da região central deve ser feita com políticas públicas, e sem “poluição visual”. “Aqueles que agredirem nossa paisagem, nossa cultura, nossos prédios, estarão assinando sua recusa à cidadania. Nós, aqui orgulhosamente nominados, assinamos nosso amor pela cidade: que Times Square fique por lá”, finalizou Penna.
Entenda o projeto
A praça Sete, no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas, é o primeiro local de Belo Horizonte, em que já há a permissão para a instalação de painéis de LED para publicidade. A autorização foi concedida a partir da Lei 11.828/2025, sancionada no início do mês pelo prefeito em exercício, Álvaro Damião (União Brasil).
Em sequência ao movimento, o presidente da CDL-BH, Marcelo de Souza e Silva, revelou à reportagem de O TEMPO o interesse em ter a estrutura luminosa também no entorno da praça Diogo de Vasconcellos, na Savassi. Apesar do desejo da CDL-BH, o avanço de paineis de LED à Savassi depende de um novo Projeto de Lei (PL), de acordo com o vereador Wanderley Porto (PRD), autor da lei que permite a instalação luminosa na praça Sete.
A norma, que pode partir da Câmara Municipal ou da prefeitura, deve tornar a Savassi uma Área de Promoção da Cidade (APC) e fazer alterações no Código de Posturas da capital. O processo foi feito na Praça Sete e definiu, como APC, os seguintes trechos:
- Avenida Amazonas com Rua Rio de Janeiro, em ambos os lados da Avenida Afonso Pena;
- Avenida Amazonas com Rua dos Carijós, em ambos os lados da Avenida Afonso Pena;
- Avenida Afonso Pena com Rua Rio de Janeiro, em ambos os lados da Avenida Amazonas;
- Avenida Afonso Pena com Rua dos Carijós, em ambos os lados da Avenida Amazonas.
No decreto publicado no Diário Oficial do Município em 8 de março, a prefeitura argumentou que a instalação de painéis publicitários em LED na praça Sete fortalecerá a imagem da região como um "destino turístico e centro de comércio e negócios do município".
Além disso, o Executivo publicou que a "Times Square" de BH deverá aumentar a sensação de segurança na região do pirulito da praça Sete durante a noite. A movimentação tem o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).