Com investimento forte em projetos mais sustentáveis, a multinacional Bosch anunciou recentemente um novo motor flex capaz de rodar com diesel e etanol. A ideia por trás dessa tecnologia é reduzir o consumo de diesel e as emissões de poluentes - destacando o Brasil como líder em soluções sustentáveis. Os motores já estão sendo testados, mas seu uso nas estradas pode demorar. Inicialmente, a intenção da empresa é utilizá-lo principalmente no campo: máquinas de trabalho, colheitadeiras, tratores, locomotivas e veículos da mineração.  

A empresa alemã irá apostar primeiro em retrofits, ou seja, substituir motores em operações por novos com a tecnologia flex. Esse segmento é um dos maiores consumidores de diesel no Brasil, o que justifica a escolha inicial para a implementação da nova tecnologia.

Além da redução de emissões, o uso do etanol em motores a diesel pode impulsionar ainda mais o agronegócio brasileiro, que desempenha um papel fundamental na economia nacional. O etanol é mais sustentável por ser fonte renovável e porque a cana de açúcar absorve muito bem o gás carbônico. 

Apesar de ser flex, seu funcionamento é diferente dos motores que conhecemos - que permitem qualquer proporção de gasolina e etanol. O novo motor trabalha exclusivamente com 50% de diesel e 50% etanol. O diesel é injetado no começo da operação e o etanol vai sendo inserido conforme o trabalho do motor aumenta, chegando à mistura de 50/50.

Vale lembrar que a história dos motores flex no Brasil está diretamente ligada à Bosch: sua equipe de engenharia desenvolveu o primeiro sistema flexível, de injeção eletrônica de combustível, do mundo. E isso fez história, permitindo que os carros fossem abastecidos com gasolina, etanol ou uma mistura de ambos. A tecnologia foi lançada em 2003. 

De acordo com Christian Wahnfried, especialista em combustíveis, emissões e requisitos da Bosch, o Brasil é potencialmente rico em combustíveis líquidos como etanol, biodiesel e diesel verde. "A matriz energética brasileira é a mais verde do planeta. Pensando em todos esses potenciais, desenvolvemos muitas soluções focadas regionalmente e no que o país pode oferecer", aponta. 

Lançamento grandioso 

A novidade sobre o motor flex foi apresentada durante um encontro com Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O evento, organizado pela própria Bosch, aconteceu em Campinas, São Paulo, no dia 20 de fevereiro. 

O evento também contou com a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), que assinaram com a empresa alemã contratos de captação de fomentos públicos no valor total de R$ 521 milhões, sendo R$ 470 milhões da Finep e R$ 51 milhões do BNDES. 

Os recursos serão investidos na implantação, no Brasil, do Centro de Competência Global Bosch de pesquisa, desenvolvimento e manufatura de tecnologias para o setor de agronegócio.

O centro de inovação da Bosch terá como foco a pesquisa em sistemas inteligentes usados no plantio, fertilização, pulverização, sensoriamento e conectividade), além de remanufatura de componentes automotivos. Os recursos também têm como objetivo alavancar iniciativas de PD&I até 2027 para as áreas de mobilidade sustentável, segura e conectada, indústria 4.0 e sistemas inteligentes para o agronegócio (plantio, fertilização, pulverização, sensoriamento e conectividade), além de remanufatura de componentes

De acordo com Gastón Diaz Perez, CEO e presidente da Robert Bosch América Latina, a expectativa da Bosch, com a nova estrutura, é trazer expansão de capacidade produtiva para as soluções da Bosch já existentes. 

“Com mais de 70 anos de operação no Brasil, a Bosch continua investindo fortemente no país e o apoio das instituições de fomento público nos permite seguir na rota de crescimento dos nossos negócios e, assim, também impulsionar o desenvolvimento da sociedade onde estamos inseridos”, afirmou.  

Já o vice-presidente do Brasil celebrou o investimento e sua colaboração para o avanço do país. “Quero destacar a importância de estar aqui na Bosch, com esse importante centro global para área do agronegócio, com pesquisa, desenvolvimento, inovação, tecnologia, e que vai acabar impulsionando o setor de mineração e de biocombustível”, declarou Alckmin. 

*Com informações do site oficial do Governo Federal