A quantidade de imóveis residenciais e comerciais comercializados em Belo Horizonte chegou a 7.272 no primeiro trimestre de 2025, isso significa um aumento de 35% em relação ao registrado no mesmo período de 2024. O dado é de um levantamento do Data Secovi, instituto de pesquisas da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato da Habitação de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG).

As movimentações relacionadas a apartamentos puxaram o bom desempenho do setor. Conforme os dados do Data Secovi, a venda de apartamentos representa 75,6% do total, com um crescimento de 24% no primeiro trimestre. Foram comercializadas 5.508 unidades. O destaque nesse nicho é o apartamento padrão standard, na faixa entre entre R$ 350 mil e R$ 700 mil, com 38,5% do total. Em segundo lugar vem o padrão econômico, de até R$ 350 mil, com 37,5% das unidades vendidas.

Apesar do aumento nas transações de compra e venda, os apartamentos estão mais caros. O valor médio do metro quadrado dos apartamentos vendidos nos três primeiros meses de 2025 chegou a R$ 14,86 mil, cerca de 12% superior à média anual registrada desde 2018 (R$ 13,25 mil).

Já na análise por padrão, o levantamento do Data Secovi mostra que o preço médio do metro quadrado dos apartamentos Super Luxo foi de R$ 26.754,76, um aumento de quase 26% em relação ao valor médio apurado em 2024 (R$ 21.291,94). No padrão Standard, o mais vendido, o aumento foi de aproximadamente 7%: passou de R$ 8.934,47, em 2024, para R$ 9.548,87 no primeiro trimestre de 2025.

Os bairros que se destacaram na pesquisa em BH foram Lourdes, Anchieta e Belvedere, com os maiores valores de apartamento da cidade, todos com o metro quadrado acima de R$ 23 mil. Por outro lado, com unidades comercializadas em valores abaixo de R$ 3,4 mil por metro quadrado, Dom Silvério, Solar do Barreiro e Goiânia foram os bairros que registraram os menores preços da capital mineira.

Os resultados foram analisados pelo Data Secovi com base nas guias de Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) emitidas pela prefeitura de BH. 

O Data Secovi analisou também a intenção de compra nos próximos meses. E, conforme a pesquisa, ao menos 44% dos entrevistados têm intenção de comprar imóveis, sendo que 11% já estão procurando na internet ou fazendo visitas. No ano passado, eram 41%. Além disso, dos que pretendem comprar, 24% querem adquirir em até 1 ano, 42% entre 1 e 2 anos e 34% depois de 2 anos.

De acordo com o presidente da Brain Inteligência Estratégica, Fábio Tadeu, responsável pela análise dos dados do Data Secovi, o aumento das vendas se deve à busca por segurança de patrimônio e à disponibilidade de crédito. “Como nós estamos vivendo esse momento (de tensão política e econômica), uma série de pessoas busca ativos reais para melhorar a segurança do seu patrimônio. Cerca de 60% dos consumidores de imóveis consideram o imóvel uma reserva de valor”, afirma.

“Um segundo fator diz respeito à disponibilidade de crédito, que é maior no começo do ano do que no final do ano, ou seja, os bancos possuem nesse momento uma amplitude de carteira de crédito nos recursos disponíveis de poupança no sistema brasileiro de poupança”, diz.

Número de lançamentos reduzido pressionou preço

Uma das explicações para a valorização dos imóveis em BH no período é o saldo entre lançamentos e movimentações de compra e venda - a lei da oferta e da procura. E hoje a oferta de imóveis está reduzida. “Como o volume de vendas é maior do que o volume de lançamentos imobiliários no sentido de imóvel novo e no sentido de imóvel usado, as vendas estão reduzindo o estoque disponível de imóveis. Isso pressiona o preço”, explica Fábio Tadeu.

Conforme o levantamento do Data Secovi, pelo menos 38% das empresas diz que vai lançar pouco menos ou muito menos empreendimentos neste ano. Outros 33% dizem que vão lançar um volume igual ou próximo do ano passado.

Além disso, um outro levantamento reforça a comparação. Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), no primeiro trimestre de 2025, foram lançados R$ 1,01 bilhões em imóveis, enquanto as vendas  somaram R$ 1,3 bilhões, em BH e Nova Lima.

Juros de financiamento devem impactar próximas vendas

Segundo Fábio Tadeu, a expectativa para o setor, dadas as condições econômicas do país, é de um crescimento tímido. “A perspectiva é boa, mas não de crescimento nessa mesma faixa de potência como foi no primeiro trimestre. Isso deve acontecer porque o forte aumento da taxa de juros verificada nos últimos três meses deve diminuir o crescimento econômico, ou seja, o crescimento PIB nacional vai diminuir e, com isso, haverá um desaquecimento da economia como um todo”, analisa.

Conforme a pesquisa do Data Secovi, as empresas também foram questionadas se as vendas seriam impactadas com a elevação das taxas de financiamento, que se baseiam na Selic (que está em 14,75%). Quase metade (47%) respondeu que sim, mas que seria possível adaptar as estratégias. Outros 35% disseram que as vendas diminuirão significativamente devido à dificuldade de financiamento.

“Esperamos também uma queda do crescimento do mercado imobiliário, ou seja, não significa que haverá uma queda do mercado, haverá, sim, uma queda no tamanho do crescimento do mercado imobiliário. Ainda assim, esperamos que nesse ano as transações de imóveis residenciais e comerciais seja maior do que o verificado no ano de 2024”, estima Fábio Tadeu.