A Selic, a taxa de juros que norteia a economia do Brasil, deve ser elevada a 15% nesta semana, durante as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC). A projeção é da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que acredita em uma alta de 0,25 pontos percentuais.
Caso o cenário se confirme, esse será o maior patamar da Selic em 20 anos. O Copom se reúne nesta terça-feira (17) e na quarta-feira (18). Atualmente, a taxa está em 14,75%. Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (16), mostrou que o mercado prevê um resultado diferente, mantendo os juros no nível atual, e encerrando o ciclo de altas mantido desde julho de 2024.
De acordo com a entidade bancária, a possível elevação dos juros a 15% seria para indicar a importância do Copom em manter a liberdade para agir na condução da política de juros. “Deixando claro que as decisões vão depender do que acontecer com os principais indicadores econômicos e financeiros, garantindo mais flexibilidade e agilidade para responder a mudanças no panorama”, argumentou a ABBC.
Na última reunião, em maio, o Copom elevou a Selic ao patamar atual. A decisão, conforme a entidade, foi anunciada sem indicar os próximos passos. “Adotando postura cautelosa diante da incerteza externa e da necessidade de avaliar os efeitos do aperto monetário. Já o cenário inflacionário mostrou leve melhora, com queda nas expectativas do Focus e sinais positivos no comportamento das commodities”, acrescentou.
Os bancos argumentam que a inflação de serviços no país segue elevada, e a atividade econômica do país segue sem indicar desaceleração abrupta. “Nesse sentido, ao se incorporar a atualização dos dados, certamente haverá uma melhora nas projeções do cenário de referência do Copom, que em maio indicava uma inflação anualizada de 4,8% para 2025 e 3,6% para 2026", diz o diretor de Economia, Regulação e Produtos da ABBC, Everton Gonçalves.
"Todavia, com as estimativas ainda permanecendo distantes da meta e a necessidade de flexibilidade e cautela para as decisões de política monetária, e para evitar uma precipitada antecipação do início do ciclo de cortes, entendemos como oportuno mais um aumento residual de 0,25 p.p. na taxa Selic, encerrando o ciclo de elevação em 15,00% a.a. Essa estratégia contribui para garantir a convergência da inflação à meta”, explicou.
Gonçalves destacou ainda que, embora seja difícil medir com precisão os impactos das disputas comerciais globais, o Copom deve avaliar com mais clareza como os choques podem influenciar decisões sobre os juros.
“Especialmente, seria útil explicar melhor como o Comitê enxerga os caminhos pelos quais essas tensões afetam a economia, o câmbio e, no fim das contas, os riscos para a inflação. Isso ajudaria a tornar sua comunicação mais transparente e alinhada às expectativas do mercado. Além disso, com o fim do ciclo de alta dos juros se aproximando, divulgar projeções com base em um cenário em que a Selic fique estável no período relevante poderia ser uma boa forma de reduzir a incerteza e a volatilidade nos mercados”, arrematou Gonçalves.