O tarifaço de Donald Trump entra em vigor nesta quarta-feira (6/8) com a cobrança de uma taxa de 50% às exportações brasileiras. Agora, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) quer incluir o cobre e o vanádio na lista de exceções à sobretaxa - que inclui quase 700 produtos. A afirmação é do diretor-presidente da instituição, Raul Jungmann.

Uma das cartas que podem ser usadas pelo Brasil para convencer os americanos a liberar esses produtos é uma negociação sobre minérios críticos, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista à BandNews na segunda-feira (4/8). 

"Temos minerais críticos e terras raras. Os EUA não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes", afirmou. 

Jungmann afirmou que soube desse argumento de Haddad pela imprensa e que isso é algo que o governo deve decidir.

O representante do setor disse que, para a mineração brasileira, seria interessante firmar parcerias com os norte-americanos para transferência de tecnologia, aumento de investimentos e intensificação do comércio.

"Há um enorme interesse global sobre esses minerais [de terras raras], principalmente a partir da pandemia. Eles são fundamentais para tecnologia, para chips, semicondutores, para o setor de defesa e para a transição para uma economia renovável. Isso despertou a atenção e, no dia 17 de junho, teve reunião do G7 que foi concluída com uma declaração sobre minerais críticos estratégicos. É uma demanda global, todos estão preocupadas com o controle dos suprimentos."

Há uma mineradora que opera no Brasil, a Serra Verde, de propriedade de dois fundos americanos e um britânico, que produz minérios de terras raras.

Segundo o instituto, 75% das exportações brasileiras de minérios ao mercado americano não foram sobretaxadas em 50%.

As compras dos EUA representam cerca de 4% das exportações de minérios em geral do Brasil, mas, para alguns setores específicos, eles são mais relevantes: os americanos compram 57,6% das vendas externas de pedras e rochas ornamentais, 34,1% do vanádio e 8,1% do nióbio, por exemplo.

O Ibram afirma que está preocupado com a possibilidade de o Brasil retaliar os EUA com sobretaxas de reciprocidade nas importações americanas, o que iria encarecer máquinas e equipamentos de grande porte, como escavadeiras, carregadeiras, grandes caminhões e moinhos.