Os preços do petróleo subiam nesta segunda-feira (23), em uma sessão marcada por volatilidade, após a decisão dos Estados Unidos no último sábado (21) de se juntarem a Israel no ataque às instalações nucleares do Irã, com os investidores avaliando os riscos potenciais de interrupções no fornecimento de petróleo como resultado da escalada do conflito.
Os futuros do petróleo bruto Brent subiam 0,84%, para US$ 77,70 (R$ 429,45) por barril, por volta das 8h (horário de Brasília). O petróleo WTI (West Texas Intermediate), referência nos EUA, avançava cerca de 1%, para US$ 74,50 (R$ 411,76).
Já as Bolsas caíram na Europa e na Ásia, exceto os três principais índices da China. Nos EUA, os futuros das Bolsas estavam próximos da estabilidade.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que havia "obliterado" as principais instalações nucleares do Irã em ataques no fim de semana, juntando-se a um ataque israelense em uma escalada do conflito no Oriente Médio, já que Teerã prometeu se defender.
Israel realizou novos ataques contra o Irã na segunda-feira, incluindo a capital Teerã e a instalação nuclear iraniana de Fordow, que também foi alvo de ofensiva dos EUA. O Irã é o terceiro maior produtor de petróleo da Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo).
O governo iraniano afirmou na segunda-feira que o ataque dos EUA às suas instalações nucleares expandiu a gama de alvos legítimos para suas forças armadas e chamou o presidente dos EUA, Donald Trump, de "jogador" por se juntar à campanha militar de Israel contra a república islâmica.
Enquanto isso, a China disse que o ataque dos EUA prejudicou a credibilidade de Washington e alertou que a situação "pode sair do controle". Os preços ficaram voláteis na sessão de segunda-feira. Os contratos do Brent e do WTI atingiram novas máximas de cinco meses no início da sessão, de US$ 81,40 e US$ 78,40, respectivamente, antes de devolverem ganhos e ficarem negativos durante a sessão matutina europeia, recuperando-se depois para um ganho de 1%.
Os preços subiram desde o início do conflito, em 13 de junho, em meio a temores crescentes de que uma retaliação iraniana possa incluir o fechamento do estreito de Hormuz, por onde passa cerca de um quinto do suprimento global de petróleo bruto. Entretanto, os investidores estão avaliando a extensão do prêmio de risco geopolítico nos mercados de petróleo, uma vez que a crise do Oriente Médio ainda não teve impacto sobre a oferta.
"O prêmio de risco geopolítico está desaparecendo, pois até agora não houve interrupções no fornecimento. Mas como não está claro como o conflito pode evoluir, é provável que os participantes do mercado mantenham um prêmio de risco por enquanto. Portanto, os preços devem permanecer voláteis no curto prazo", disse Giovanni Staunovo, analista do UBS.
BOLSAS CAEM, EXCETO NA CHINA
As principais Bolsas europeias operam em queda na manhã desta segunda, refletindo o que ocorreu na Ásia. A exceção foi a China, onde as três Bolsas subiram. Já nos EUA, os futuros dos índices de Wall Street estavam próximo da estabilidade. O futuro do S&P 500 estava em alta de 0,1% e o da Nasdaq estava estável. "Só o tempo dirá se a falta de reação do mercado é ingenuidade ou uma avaliação adequada da situação", disse Paul Jackson, chefe global de pesquisa de alocação de ativos da Invesco.
O índice STOXX600, referência na União Europeia, estava em desvalorização de 0,49% às 9h (horário de Brasília). As Bolsas de Londres (-0,25%), Paris (-0,84%), Madri (-0,37%), Milão (-1,15%) e Frankfurt (-0,53%) também operavam em queda.
Na Ásia, a Bolsa de Tóquio recuou 0,13%, enquanto Seul teve baixa de 0,24%. Já as operações na China foram na contramão com o índice CSI300, que reúne as principais companhias listadas em Xangai e Shenzhen, fechando em alta de 0,29%. O índice SSEC, de Xangai, saltou 0,65%, e a Bolsa de Hong Kong valorizou 0,67%.
De acordo com analistas, a alta na China foi resultado de um maior fluxo de entrada de investimentos por meio de um recurso chamado Stock Connect, com os investidores onshore comprando 7,9 bilhões de iuanes (US$ 1,11 bilhão) em ações de Hong Kong, a maior cifra desde 30 de maio.