O Brasil é o país que teve imposta a maior taxa anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, nesta semana. Na quarta-feira (9), o republicano divulgou que os produtos brasileiros passarão a ter uma cobrança adicional de 50% para entrar em território norte-americano. A medida entra em vigor em 1º de agosto.
Antes do Brasil, Trump tornou pública a imposição de taxas a outras 21 nações, entre elas Laos e Mianmar, ambos com 40%, anunciadas na segunda-feira (7).
Além dos dois países asiáticos, Trump anunciou no mesmo dia tarifas a outros 12 países: Japão, Coreia do Sul, Malásia, Cazaquistão e Tunísia (todos com 25% cada), África do Sul, Bósnia e Herzegovina (ambos com 30%), Indonésia (32%), Bangladesh e Sérvia (ambos com 35%), e Tailândia e Camboja (os dois com 36%).
Na manhã de quarta-feira, o presidente dos EUA divulgou mais sete países atingidos: Argélia, Iraque, Líbia e Sri Lanka (todos com 30%), Brunei e Moldávia (25% cada) e Filipinas (20%). Horas depois, Trump colocou o Brasil na relação com a maior tarifa.
VEJA AS TARIFAS ANUNCIADAS NESTA SEMANA
- Alíquota - País
- 50% - Brasil
- 40% - Laos, Mianmar
- 36% - Camboja, Tailândia
- 35% - Sérvia, Bangladesh
- 32% - Indonésia
- 30% - África do Sul, Bósnia e Herzegovina, Argélia, Iraque, Líbia, Sri Lanka
- 25% - Tunísia, Malásia, Cazaquistão, Brunei, Moldávia, Japão, Coreia do Sul
- 20% - Filipinas
Segundo Trump, a sobretaxa será imposta, em parte, devido aos "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos". Trump afirma que o tratamento dado ao ex-presidente Bolsonaro pelo Brasil é uma "vergonha" e que o julgamento contra o ex-presidente é uma "caça às bruxas que precisa ser encerrada".
O presidente norte-americano ainda cita cobranças tarifárias e não tarifárias do Brasil que seriam injustas na visão do republicano. Ele afirma haver déficit com o país - mas os EUA na verdade têm superávit comercial com os brasileiros.
Após convocar uma reunião de última hora com os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), além do vice-presidente Geraldo Alckmin, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a sobretaxa terá como resposta uma lei de reciprocidade.
Produtos importados pelos EUA do Brasil são sobretaxados atualmente em 10%, tarifa anunciada por Trump em 2 de abril. Ou seja, além das tarifas de importação já cobradas, há uma cobrança adicional de 10%. Essa alíquota será substituída pela de 50% a partir de 1º de agosto.
Um exemplo é o caso do etanol, de acordo com interlocutores. Os americanos impunham uma tarifa de 2,5% ao produto, elevada a 12,5% após a sobretaxa de 10%. Com o novo anúncio, a porcentagem sobe a 52,5% em agosto. A sobretaxa não se aplica a produtos que já possuem tarifas setoriais, como aço e alumínio, que já têm suas próprias tarifas (por exemplo, 50% sobre aço e alumínio). (FERNANDO NARAZAKI E JULIA CHAIB)