Pelo menos 41% dos moradores de Belo Horizonte têm interesse em adquirir um imóvel por meio de consórcio. O dado é de uma pesquisa da empresa de tecnologia e serviços financeiros para imobiliárias Loft, em parceria com a Offerwise. O interesse nesse tipo de investimento reflete o bom momento do setor, que somou R$ 222,39 bilhões no Brasil, no primeiro semestre de 2025, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).

De acordo com a ABAC, a comercialização de consórcios de imóveis cresceu 40% em 2025, com a venda de 590,58 mil cotas. Na visão do gerente de Dados da Loft, Fábio Takahashi, o consórcio de imóveis vem se tornando uma alternativa atrativa por conta da pouca burocracia e do custo. Além disso, com a taxa Selic a 15%, o que interfere diretamente em financiamentos, o consórcio entra como uma alternativa. “Diferentemente do financiamento tradicional, o consórcio não cobra juros, o que pode representar uma economia significativa no longo prazo, ainda mais com a taxa Selic em alta. Para quem tem uma perspectiva mais planejada de compra, ou não tem urgência em receber o imóvel, esse modelo se torna vantajoso”, avalia.

No fim  de 2024, a ABAC estimava um crescimento de 20% no setor de consórcios de imóveis em 2025, acima das expectativas de outros setores, como veículos pesados (10%) e serviços (10%), e atrás apenas do setor de eletroeletrônicos (23%). No entanto, segundo a entidade, passados seis meses dessa previsão, observou-se um cenário ainda melhor: as vendas de cotas de imóveis já cresceram 40,8% sobre o mesmo período de 2024, pouco mais que o dobro da estimativa.

Adesão em BH

Na pesquisa da Loft, 29% dos entrevistados dizem que provavelmente contratariam um consórcio imobiliário, enquanto 12% têm certeza. Outros 40% não sabem se entrariam ou não nessa modalidade. E 16% destes justificam que faltam informações sobre o tema. No recorte por classe social, a classe A é a mais aberta a esse tipo de investimento, com 67% dos moradores respondendo favoravelmente. Na classe B, são 42%, contra 35% na classe C e 42% nas classes D/E. 

Para Takahashi, a maior adesão da classe A pode estar relacionada a dois fatores principais: familiaridade com o produto e capacidade de planejamento. “Esse grupo tende a ter maior acesso a informações financeiras e a consultorias especializadas, o que contribui para uma visão mais estratégica do consórcio como uma forma de investimento”, diz. “Além disso, por terem mais estabilidade financeira, conseguem esperar pela contemplação com mais tranquilidade”, acrescenta.

Setor em expansão

Conforme levantamento da ABAC, o setor de consórcios como um todo teve um crescimento de 30,5% no primeiro semestre de 2025, em relação ao mesmo período de 2024. O tíquete médio do último mês do semestre chegou a R$ 92,58 mil, 14% a mais que no mesmo mês em 2024.

Houve crescimento em quase todos os setores. Dos seis nichos em que o consórcio está presente, cinco tiveram avanços nas comercializações de cotas: eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, com 98,2%; imóveis, com 40,8%; serviços, com 13,1%; veículos leves, com 12,5%; e motocicletas, com 8,2%. Apenas um retraiu: veículos pesados, com -15%.

Contemplações: de janeiro a junho, foram 867,44 mil contemplações: 372,32 mil de veículos leves; 332,38 mil de motocicletas; 67,96 mil de imóveis; 47,73 mil de veículos pesados; 28,69 mil de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; e 18,37 mil de serviços. 

Participantes ativos: 42,7% nos veículos leves; 26,2% nas motocicletas; 20,2% nos imóveis; 7,6% nos veículos pesados; 2,3% nos eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis; e 1% nos serviços. 

Indecisão

Apesar da expansão e da tendência de interesse nesse tipo de investimento, o gerente de dados da Loft vê ainda um mercado influenciado por desinformação e insegurança. O levantamento da Loft mostra que 40% não têm certeza se fariam esse tipo de investimento. “Quase metade ainda está indecisa, e parte disso se deve à falta de conhecimento sobre o funcionamento do modelo. O desafio, portanto, não é só oferecer o produto, mas garantir que ele seja bem compreendido por todos os públicos. Isso evidencia uma oportunidade clara para o mercado: investir em educação e transparência”, opina Takahashi.