O dólar abriu em alta nesta segunda-feira (28), com os investidores repercutindo o acordo comercial entre Estados Unidos e União Europeia anunciado no último domingo (27). A ameaça tarifária de Donald Trump sobre o Brasil também está em foco.
Às 9h04, o dólar subia 0,33%, a R$ 5,5805. O acordo entre os EUA e a Europa reduz para 15% a tarifa de importação de sobre a maioria dos produtos da União Europeia - metade da taxa ameaçada de 30%.
Os parceiros comerciais dos EUA estão se esforçando para finalizar acordos comerciais antes de 1º de agosto, prazo estabelecido por Donald Trump para imposição de novas tarifas. Negociações entre os EUA e a China estão marcadas para esta segunda-feira em Estocolmo.
Integrantes do governo brasileiro nos EUA tentam contato com o governo Trump para um acordo que evite as sobretaxas de 50% ao Brasil. Os auxiliares do presidente Lula (PT) ressaltam, porém, que não haverá concessão na parte política ligada ao tarifaço, que inclui a questão jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ou qualquer outra decisão do Judiciário.
Na última sexta (25), a moeda norte-americana fechou em alta de 0,76%, a R$ 5,5619, com a notícia da agência Bloomberg de que o governo do presidente Donald Trump está preparava uma nova declaração como base legal para impor tarifas sobre o Brasil. A medida, que ainda não é definitiva, seria necessária para impor as sobretaxas de 50% a produtos brasileiros ameaçada por Trump no início do mês.
Investidores não veem avanço na negociação do Brasil com os EUA, apesar das declarações de autoridades brasileiras de que buscam o diálogo. Na quinta (24), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que conversou no sábado com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, a quem reiterou pedido de negociação sobre tarifas.
O receio do mercado, entretanto, é que haja pouco espaço para discussões e contrapartidas do lado brasileiro, uma vez que Trump tem vinculado sua ameaça principalmente ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem recebido do STF (Supremo Tribunal Federal), uma questão política, e não comercial.
Em meio às discussões sobre taxas, Trump disse na sexta que gosta de um dólar forte, mas "você ganha muito mais dinheiro" com a moeda norte-americana mais fraca. "Então, quando temos um dólar forte, uma coisa acontece: parece bom. Mas você não faz turismo. Você não pode vender tratores, não pode vender caminhões, não pode vender nada. É bom para a inflação, só isso" disse o republicano a jornalistas na Casa Branca, antes de partir para uma viagem à Escócia.
No Brasil, pesa contra o real a tensão em torno da sobretaxa de 50% que os EUA planejam iniciar sobre produtos brasileiros em 1º de agosto. Também no radar está a tensão entre o Trump e o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) sobre a taxa de juros dos Estados Unidos. Os membros do banco central dos EUA se reúnem na próxima semana e devem manter os juros inalterados novamente, apesar da pressão do presidente por cortes imediatos.