O setor de máquinas e equipamentos deve sofrer um recuo de quase 3 pontos percentuais na receita até o fim do ano, por causa das tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A estimativa é da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que prevê um crescimento de receita de 5% em 2025, a estimativa anterior ao tarifaço era de 7,9%.

O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa realizada cerca de uma hora antes do anúncio oficial das tarifas de Trump. De acordo com a associação, Estados Unidos são o principal destino das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos. Em 2024, o setor exportou US$ 3,54 bilhões para lá, o equivalente a 26,9% do total exportado pelo segmento.

A Abimaq já previa uma queda de 3% nas exportações como um todo. Com o tarifaço, a nova previsão é de uma queda de 15% no geral. A produção de equipamentos também deve ser impactada com as tarifas. A Abimaq tinha uma estimativa positiva de um crescimento de 5,4%, sem considerar as tarifa de Trump. Com as tarifas, a projeção cai para 4%. “A gente vinha em um ano de recuperação muito bom, apesar do juro alto, estávamos otimistas. Agora com o Trump, vamos ter que esperar para avaliar melhor o cenário”, pontuou o presidente da Câmara de Máquinas Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão.

Dados do setor

De acordo com o balanço informado pela Abimaq, no ano, as exportações caíram 4,3%, volume explicado pela piora nas vendas de máquinas para logística e construção civil, mas também de componentes e máquinas para a indústria de transformação. No entanto, houve melhora entre os fabricantes de máquinas para bens de consumo, como os de máquinas para alimentos e bebidas, mas também de máquinas para madeira. No período, de janeiro a junho, houve melhora também na exportação de máquinas para agricultura.

No primeiro semestre de 2025, houve mudanças nos principais destinos das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos. As vendas para a América do Norte caíram 13,5%, enquanto a Europa e a América do Sul cresceram 9,4% e 14,7%, respectivamente. Na América do Sul, o destaque foi a Argentina, com alta de 55,3%, puxada por máquinas para agricultura e construção civil. Também se destacaram os aumentos das exportações para o Chile (+12,1%) e para o Peru (+18,5%). Para os Estados Unidos, que representam 26,6% das exportações do setor, houve queda de 12,1% nas vendas, principalmente devido à retração na demanda por máquinas agrícolas e para construção civil.