O café, as carnes e as frutas (exceto suco de laranja) exportados pelo Brasil não entraram na lista de exceções do tarifaço aplicado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira (30/7). Havia uma expectativa do mercado de que houvesse alguma exceção para esses produtos, já que os EUA são grandes consumidores. No entanto, conforme o decreto publicado pelo presidente norte-americano, esses itens estão sujeitos às tarifas de 50% impostas pelos EUA. E uma das consequências esperadas, além da queda na exportação brasileira, é elevação do preço desses produtos aos próprios norte-americanos.

Na terça-feira (29/7), o secretário de Comércio da Casa Branca, Howard Lutnick, chegou a dizer que havia chance de o café ter alíquota zerada, por se tratar de um recurso natural e não produzido nos EUA. Em Minas, maior produtor e exportador de café do país, foram 31 milhões de sacas comercializadas com os Estados Unidos em 2024, resultando em uma receita de US$ 7,9 bilhões, de acordo com o governo estadual. Agora, o setor está com as exportações aos EUA paralisadas.

No caso das carnes, atualmente, os EUA são o segundo maior comprador de carne bovina do Brasil. A indústria norte-americana responde por 17,6% das exportações brasileiras, ficando atrás apenas da China, que concentra 39,24% do volume direcionado a outros países. Em 15 de julho, frigoríficos brasileiros que exportam carnes bovinas para os Estados Unidos anunciaram que estavam paralisando a produção por conta da iminência das tarifas.

Os EUA também são grandes consumidores das frutas produzidas no Brasil. O decreto publicado nesta quarta exclui do tarifaço apenas o suco de laranja e as castanhas do Pará. Há duas semanas, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) disse que havia uma carga de 2.500 contêineres de manga pronta para ser enviada aos Estados Unidos, mas que estava parada por conta das incertezas sobre as tarifas. O volume diz respeito à produção em 2.500 hectares. “São dois meses e meio onde o Vale do São Francisco (no Nordeste), que produz 90% de toda a manga do Brasil, está em pânico. Não sabemos o que fazer”, relatou na ocasião.