Nessa quinta-feira (3/7), quatro postos de combustíveis em Belo Horizonte foram interditados pelo Procon do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) após denúncia de adulteração dos produtos. E quem abasteceu o veículo nesses lugares recentemente deve ter se perguntado: e agora? O que fazer? Será que o carro está em risco? A reportagem de O TEMPO conversou com uma especialista em mecânica para entender quais são os possíveis danos ao veículo e como proceder em casos de adulteração. Confira:
De que forma os combustíveis são adulterados?
Antes de tudo, é importante entender que, em geral, é considerado adulterado o combustível que tem suas características originais modificadas após adição de componente ilegal ou ingrediente a mais do que já tem. Geralmente, isso é feito com componentes mais baratos, o que abaixa o custo do produto. “A gasolina, por exemplo, tem etanol, e tem gente que coloca mais, porque o etanol é mais barato. E o etanol tem água, e tem gente que coloca mais”, exemplifica a pesquisadora Maristhela Marin, da Divisão de Motores e Veículos do Instituto Mauá de Tecnologia.
A especialista cita ainda a adição de solventes. “Hoje a gente tem ouvido falar de nafta petroquímica, um tipo de solvente de valor mais barato, usado pela indústria, mas que não pode ser adicionado à gasolina de forma alguma, a gasolina é um produto refinado, acabado. E eles adicionam para diminuir o valor comercial”, aponta.
Como saber se o veículo foi abastecido com combustível adulterado?
“O consumidor, quando abastece, não sabe que aquele combustível foi adulterado, mas o carro dá sinais”, pontua Maristhela. E esses sinais podem ser perda de potência, consumo de combustível aumentado, dificuldade de partida a frio, odor diferente no escapamento. "O carro também pode começar a engasgar", acrescenta.
Além disso, a longo prazo, o abastecimento frequente com esses combustíveis modificados pode trazer problemas mais sérios: os solventes podem degradar borrachas e causar vazamentos, além de provocar danos gravíssimos ao motor do carro.
“Essas adulterações também comprometem os gases que o carro solta, liberando mais compostos tóxicos, ou seja, ainda tem um problema na questão ambiental”, alerta.
O combustível usado estava adulterado, e agora?
Ao desconfiar de adulteração ou descobrir que o posto estava vendendo combustível com modificações (como no caso dos clientes dos postos que foram interditados em BH), a primeira orientação é: esvaziar o tanque e descartar o combustível. Mas, atenção! Por segurança, a gasolina ou o etanol não podem ser dispensados em qualquer lugar.
Maristhela orienta, por exemplo, a levar o carro ao mecânico de confiança. Além de olhar o veículo e verificar possíveis danos causados pelo combustível adulterado, o profissional saberá descartar o combustível no local adequado. O descarte errado pode poluir cursos d’água, trazer risco de incêndio, entre outros potenciais problemas.
Uma outra solução é levar o carro a um posto de gasolina, onde os profissionais também podem fazer o descarte corretamente. Além disso, quando o condutor desconfiar de uma possível adulteração, vale a denúncia aos órgãos competentes, como os Procons.
Como se proteger e evitar o abastecimento com produto adulterado?
Não é possível saber qual posto de gasolina está atuando de forma ilegal, mas Maristhela indica alguns cuidados. “O preço está muito abaixo do mercado? Desconfie!”, orienta. Outra solução é observar o rendimento do combustível no veículo: se parecer que o combustível durou menos do que o normal, o ideal é trocar de posto e observar o desempenho do veículo depois.