A isenção da cobrança da tarifa de 50% a quase 700 produtos brasileiros anunciada por Donald Trump na última semana não eliminará as perdas da economia brasileira com a política dos Estados Unidos. O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil pode perder até R$ 110 bilhões, entre cinco a dez anos, com a sobretaxa aplicada pela Casa Branca. Em um intervalo menor, até 2027, o rombo seria de R$ 25,8 bilhões.
Os valores constam em estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), divulgado nesta terça-feira (5/8). A pesquisa mostrou que entre 146 mil a 618 mil empregos podem ser eliminados no país diante do cenário. Como resultado, a perda de renda das famílias poderá alcançar R$ 2,74 bilhões em até dois anos. O tarifaço de Donald Trump não foi aplicado só ao Brasil, mas chegará a mais de 70 países e entra em vigor nesta quarta-feira (6/8). As taxas aplicadas variam de 15% a 50%.
Os produtos brasileiros que seguem sujeitos à taxação representam cerca de 55% das exportações ao mercado americano, somando aproximadamente US$ 22 bilhões. Entre os produtos que serão tributados para entrar nos Estados Unidos, os setores mais afetados, segundo a Fiemg, serão o de siderurgia e aço sem costura, com uma perda de 8,11%. “Embora alguns produtos do setor de ferro-gusa e ferroligas tenham sido incluídos na isenção, uma grande parcela dos produtos da siderurgia seguem inclusos na taxação, a destaque do aço”, explicou a federação.
Outro setor com impacto alto será o de produtos de madeira, com retração de 7,1%. “A grande maioria de seus produtos, sobretudo aqueles destinados à construção, não foram isentos e possuem forte participação na pauta exportadora e podem sofrer um impacto de 7,12%”, avaliou a entidade.Fabricação de calçados e artefatos de couro, fabricação de máquinas e equipamentos mecânicos, fabricação de peças e acessórios para veículos e pecuária serão outras cadeias com impacto significativo, segundo o estudo.
O café, que representou quase 5% das exportações brasileiras em 2024, também será impactado. “O Brasil exportou aproximadamente US$ 40,4 bilhões aos EUA em 2024, o equivalente a 1,8% do PIB nacional. Metade desse valor está concentrado em combustíveis minerais, ferro e aço, e máquinas e equipamentos - setores diretamente afetados pelas novas tarifas”, analisou a pesquisa.
Isenções
De acordo com a Fiemg, os produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos que entraram na lista de isenções de Trump somam cerca de US$ 18,2 bilhões. O valor corresponde a aproximadamente 45,1% do valor total exportado em 2024.