Os ataques à maior refinaria de petróleo do mundo e a um campo de produção da estatal Saudi Armco, na Arábia Saudita, no último sábado, representam a maior queda na produção de petróleo da história. Serão 5,7 milhões de barris de petróleo a menos por dia. Em meio a essa crise, o Brasil pode ser visto como opção “tranquila” no mercado internacional e atrair investimentos. Especialistas apontam que maior estabilidade política do país e recente abertura de mercado são atrativos.
A cotação do barril de petróleo disparou 14,6% no mercado de Londres, fechando a US$ 69,02. Foi a maior elevação diária desde que há registros. Fernanda Delgado, pesquisadora de energia da Fundação Getulio Vargas, acredita que o momento pode ser valioso para o Brasil. “Se essa alta durar mais um pouco, há chance de que os preços maiores ajudem o Brasil nos leilões (do pré-sal), além de consolidar a imagem do país como uma zona de estabilidade”.
Ela explica que o Brasil, se comparado a regiões como o Oriente Médio ou a países como Rússia, China e Turquia, não está mal posicionado. “Esse tipo de situação coloca o país como um investimento mais seguro no tabuleiro internacional”, afirma.
Professor de geopolítica da PUC Minas, Ricardo Ghizi Corniglion acredita que a incerteza no Oriente Médio beneficia o Brasil – segundo maior mercado de petróleo das Américas, atrás apenas da Venezuela – em um primeiro momento. Ele também cita o viés econômico liberal adotado pelo governo como incentivo para investidores. “Quem se beneficia de imediato com o aumento do preço do barril é a Petrobras, que tende a conseguir mais interessados no pré-sal. Além disso, não estamos situados em focos de tensões geopolíticas ou econômicas, o que traz tranquilidade para quem investe aqui”, diz.
Por outro lado, o professor de direito e relações internacionais do Ibmec Vladimir Feijó acredita que as reservas brasileiras de petróleo não são capazes de alavancar o país como um nome tão relevante no mercado mundial.
Ele cita que só a região do Golfo Pérsico, onde está situada a Arábia Saudita, produz cerca de 40% do petróleo do mundo e acredita que problemas de instabilidade política e econômica no Brasil podem afastar investimentos nos próximos meses. “Não vai acontecer no curto prazo. O Brasil não consegue aumentar sua produção em menos de cinco anos, o que dificulta o avanço no mercado internacional”, conclui.