Solidariedade

Doações a bancos de alimentos ajudam a evitar perda no varejo

Em Belo Horizonte, segundo a prefeitura, 5.000 pessoas são beneficiadas pela iniciativa

Por Gabriel Ronan
Publicado em 02 de maio de 2022 | 03:00
 
 
 
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Uma solução para reduzir a perda de alimentos é a doação para bancos cadastrados junto ao poder público. Em Belo Horizonte, a prefeitura mantém uma estrutura do tipo no bairro Padre Eustáquio (rua Tuiuti, 888), na região Noroeste da cidade. 

Lá, a PBH recebe produtos considerados fora dos padrões de comercialização, mas ainda adequados ao consumo humano. São 29 doadores fixos atualmente, entre indústrias, sacolões, supermercados, padarias e bancos de alimentos de outros municípios. 

A estimativa da prefeitura é que 5.000 pessoas sejam beneficiadas pela iniciativa, por meio de 42 instituições. Os alimentos são coletados junto à rede de doadores, avaliados e selecionados pela equipe técnica. Em seguida, são repassados à população em vulnerabilidade social. As entidades ligadas ao projeto são responsáveis por receber os alimentos e por produzir e distribuir as refeições prontas. Tudo precisa ser feito de maneira gratuita para o consumidor final.

Outra possibilidade na Grande BH é o banco de alimentos da Ceasaminas, conhecido como Prodal. Fundado em 2006, o projeto seleciona, higieniza e distribui alimentos para cerca de 200 instituições sociais cadastradas.

A estimativa é que 27 mil pessoas em vulnerabilidade social sejam beneficiadas pelo programa, localizado em um lugar estratégico, onde o desperdício acontece com frequência. Em 2022, já são 415 toneladas de alimentos doados, o que representa 35,5% do total distribuído no ano passado – 1.169 toneladas.

Quem desperdiça mais

Uma alternativa defendida pela professora Márcia Regina Pereira Monteiro, do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é que a própria iniciativa privada dê início ao tratamento dos alimentos já no varejo. Cortar partes podres de frutas, por exemplo, pode ajudar o consumidor a compreender que determinado item, que parece impróprio para o consumo, na realidade deve ser vendido ou doado.

Segundo Márcia Regina, o principal desperdício de alimentos vem da iniciativa privada, como sacolões, supermercados e feiras. As famílias, no entanto, também precisam tomar cuidado para evitar jogar comida fora. Segundo Márcia, uma dica valiosa é fazer um cardápio semanal das refeições domésticas e, a partir dele, elaborar uma lista de compras. 

No campo do reaproveitamento, Márcia indica o uso dos talos de algumas folhas, geralmente descartados no lixo. “Fazê-los à milanesa, de maneira bem temperada, ajuda no cardápio. O mesmo vale para algumas sementes, que torradas agradam ao paladar. Mas até na hora de reaproveitar é preciso cuidado. Você precisa fazer uma higienização adequada”, afirma. 

“Partes externas de alimentos muitas vezes estão expostas, então você precisa ter um cuidado. Sementes, por exemplo, precisam ser tratadas, não consumidas cruas. É preciso estudar um pouquinho para aproveitar sem prejuízo à saúde”, diz a professora. 

Bufê converte restos em adubo

O Buffet Fora do Comum, no bairro Gutierrez, Oeste de Belo Horizonte, não saiu do habitual somente no nome. Neste ano, o estabelecimento decidiu aproveitar o que era antes despejado no lixo: os resíduos orgânicos vão para uma empresa terceirizada, que transforma o desperdício em adubo. Esse fertilizante, depois, segue para uma instituição de caridade e para o próprio bufê, que o usa para cultivar outros alimentos. 

“A gente usa para plantar coisas que servem como temperos: salsinha, cebolinha, tomilho e alecrim. Colocamos em vasos para consumir aqui dentro mesmo. Por semana, geramos cerca de 50 kg de orgânicos. Isso chega a dobrar em épocas de maior demanda, como o Natal”, diz Camila Bitencourt, proprietária do bufê. 

Camila diz que, entre os alimentos mais descartados, estão frutas e verduras. Ela diz que a motivação para o projeto está mais voltada ao meio ambiente e ao menor desperdício de comida do que ao ganho financeiro. “É dinheiro jogado fora, porque a gente pode transformar isso tudo em adubo. Esse adubo ajuda na produção de hortifrúti, que a gente consome muito”, completa.

SERVIÇO


Para aqueles que tiverem interesse em se tornar um parceiro doador, basta entrar em contato com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) por meio do telefone (31) 3277-5713 ou pelo e-mail bancodealimentos@pbh.
gov.br. 

- Ao doar, o parceiro amplia as suas ações de responsabilidade social, reduz custos com o descarte de produtos e contribui com a redução do desperdício de alimentos.

 

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