Com portas fechadas e sem previsão para o fim do isolamento social, algumas empresas da capital mineira buscam formas diferentes de se adaptar e correm contra o tempo para sobreviver à crise do coronavírus.
Uma opção que tem dado bons resultados e agradado clientes é o aluguel de produtos que não podem ser usados ou consumidos dentro das lojas.
É o caso da Funtasy Bar e Jogos, bar de jogos de tabuleiro da região Centro Sul de Belo Horizonte, que teve que se ajustar para não paralisar totalmente suas atividades durante a pandemia.
“Assim que saiu a notícia, no dia 18 de março, de que os estabelecimentos em BH teriam que fechar as portas, pensei na possibilidade de fazer um aluguel dos jogos. Então criamos uma ferramenta on line para que os clientes possam ver todo o catálogo de jogos. Também não tínhamos o delivery de comida. Corremos contra o tempo para desenvolver o delivery, ir atrás das embalagens e bolar as promoções. Hoje já estamos em todas as plataformas de entrega”, conta Lucas Rafael Ribeiro, dono do Funtasy BH.
Para desenvolver a ideia da entrega de jogos, no entanto, foi preciso pensar em uma estratégia de higienização e seleção dos 600 jogos da Funtasy.
“Fizemos uma seleção sobre quais jogos poderiam ser usados ou não. Por exemplo, um jogo em que é preciso colocar vendas nos olhos, não está no catálogo. Fizemos a limpeza dos jogos e colocamos todos em quarentena até que começassem a ser alugados. Quando eles voltam do aluguel, passam novamente pela quarentena, por quatro dias sem serem alugados após higienização. No catálogo que desenvolvemos, os clientes podem ver quais jogos estão disponíveis, alugados ou em quarentena”, explica Lucas.
O aluguel dos jogos e as entregas se tornaram essenciais para manter a empresa durante a crise, mas o empresário analisa que a queda de receitas foi de cerca de 80% em comparação com o faturamento quando o bar funcionava normalmente.
“Temos muita gente em casa e foi uma surpresa boa ver que há um grande interesse nos jogos de tabuleiro. Mas nem de longe atinge o rendimento que tínhamos com o bar funcionando. O aluguel permite pagar os custos físicos e está sendo uma renda importância. Foi uma maneira para sobrevivermos a esse período difícil”, afirma Lucas.
Fechadas por decreto municipal no mês passado, academias de BH também optaram pelo aluguel de equipamentos para manter receias durante o período da pandemia.
Além de aulas virtuais – com treinos transmitidos pelos sites e rede sociais – que já viraram rotina para milhares de pessoas, algumas academias optaram por alugar seus equipamentos para os clientes. Uma academia da capital divulgou em seu site o aluguel das bicicletas de spinning profissional ao custo de R$ 149,99 mensais e com prazo de entrega de no máximo cinco dias úteis.
“Seremos obrigados a mudar”
Diante do cenário de isolamento social surgiram novas formas de trabalho e muitas demandas inéditas de clientes para as empresas. Para atuar nessa intermediação, o empresário Pedro Renan, CEO da Agência Papoca, criou a Digilandia, projeto para produzir conteúdo sobre legislação, vendas on line, produtividade e ferramentas que podem ser usadas por donos de empresas que estão correndo contra o tempo para conseguir rendas durante período da pandemia.
“Nessa hora vamos ver as empresas que conseguem avançar de maneiras mais rápidas e as que não conseguem. Essa é uma crise muito diferente das outras. Em outras crises tivemos momentos de colapso na economia e as pessoas buscaram se reinventar. Mas, agora, as empresas estão sendo obrigadas a fazer isso. Elas não têm outra opção. Terão que fazer trabalho remoto, terão que vender online, entre outras medidas. Não sabemos quando essa crise vai durar, então é hora de avançar nos processos”, avalia Pedro.