"Female, 39, married. Brazil. Belo Horizonte. Journalist". Em poucas palavras, um resumo da minha vida: sexo, idade, estado civil, onde vivo, minha profissão. Engana-se quem pensa que esses dados estão no meu currículo. Eu os encontrei com apenas um clique num site especializado em rastrear pessoas, que traz resultados muito mais reveladores que uma simples busca no Google.
A internet é assim, todo mundo deixa rastro, por mais cuidadoso que seja. Assim como meus dados estão expostos, provavelmente os de todo mundo são encontrados com a mesma facilidade. Experimente procurar por você ou conhecidos numa dessas páginas.
A procura é realizada na chamada internet profunda ou internet invisível. O termo, do inglês "deep web", ou "dark web", refere-se a um vasto repositório de conteúdo subjacente, como documentos em bases de dados online que os buscadores genéricos não alcançam. Estima-se que a "deep web" seja 500 vezes maior que a internet de superfície em que navegamos todo dia.
Numa dessas ferramentas, o Spokeo, pode-se buscar por nome e sobrenome, e-mail, número de telefone, nome de usuário e até pelos amigos que uma pessoa tem cadastrados nas redes sociais e serviços de mensagens instantâneas. A limitação para os brasileiros é o número do telefone: é preciso um número de dez dígitos, então só funciona para os Estados Unidos.
Mas, de resto, é fácil. A busca pelo meu e-mail retornou dados básicos, perfis nas redes sociais, inclusive no Twitter, blogs, sites de compartilhamento de fotos e de compras online. Para minha máxima vergonha, aparece até foto. Para saber mais, só clicando mais fundo. É aí que vem a pegadinha: para ver detalhes, tem que pagar. No caso do Spokeo, a partir de US$ 2,95 por mês.
Em outro, o Pipl, apareceu de cara, no meu caso, um perfil cadastrado na moribunda rede social
Friendster em 2003, do qual eu não me lembrava mais. A segunda opção direciona para o Spokeo. Lição aprendida: é preciso apagar os rastros na internet.